domingo, 26 de abril de 2015

Conheça histórias de pessoas que se dedicam à cutelaria

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A confecção de instrumentos cortantes é uma das técnicas mais antigas da humanidade. Com o passar do tempo, ganhou status de arte: a cutelaria. Atualmente, no Brasil, a prática se organiza de forma profissional. Sandro Boeck, produtor
artesanal de facas, afirma que nos últimos 10 anos a cutelaria evoluiu e se modernizou. “O que era uma coisa simples, artesanal, de fundo de quintal, hoje é muito. Temos cada vez mais colecionadores e cuteleiros com excelência.”
Para disseminar a cultura e tradição desse ramo, aconteceu em São Paulo a IV Mostra Internacional de Cutelaria, que terminou, ontem (25). Contamos para vocês mais sobre a vida de quem ama e se dedica à cultura.
Alexandre Gasparini
Há 30 anos no ramo, Alexandre Gasparini é um dos mais antigos cuteleiros em atividade no Brasil. A paixão pela arte surgiu quando ele assistia a um filme sobre a vida de Jim Bowie, soldado estadunidense que lutou na Guerra de Independência do Texas. Inspirado pelas cenas em que o personagem aparecia com a faca Bowie, Gasparini iniciou a confecção de instrumentos de corte. “Vi o filme e me apaixonei. Não comecei a fazer faca de imediato, mas sempre tive vontade. Um dia fiz a primeira e não parei mais. Hoje produzo por diversão e realmente gosto daquilo que faço. É uma paixão, é meu estilo de vida.”
Zaza Revishvili
Nascido na Geórgia, Zaza Revishvili é um dos grandes nomes da cutelaria mundial. Com prêmios em Moscou, Atlanta, Nova Iorque, Paris e Munique, seu conceito de produção é voltado a peças mais elaboradas, com usos de jóias e técnicas como a filigrana, ornamentos decorativos feitos de fios de metais muito pequenos. A qualidade das facas faz com que Zaza venda seus produtos para colecionadores, grandes estadistas e até a personalidades como o roqueiro Axl Rose. Questionado sobre como desenvolveu suas técnicas com tanta excelência, sua resposta é simples: “Amor é algo muito poderoso. Quando fazemos o que amamos, fazemos da melhor forma possível”.
Ricardo Vilar
Escoteiro na infância, Ricardo Vilar não tinha dinheiro para comprar todas as ferramentas que precisava e a solução encontrada por ele foi fabricar as próprias. Hoje, há 23 anos atuando na confecção de facas, sua produção é voltada para ferramentas de trabalho, que possuem baixo custo e alta qualidade. Vilar fornece facão para os Guerreiros de Selva do Exército Brasileiro e a faca oficial da Brigada de Infantaria Paraquedista. Para ele, é incrível como um único instrumento pode transformar a vida das pessoas em diversos níveis. “A faca, na minha concepção, está dentro da memória genética do ser humano. É o instrumento mais perfeito, o design ideal. Ele foi desenvolvido na Idade da Pedra Lascada e até hoje o formato se mantém: uma lâmina e um cabo. Tudo o que fazemos depende da faca, do corte. É só pensarmos quantas vezes usamos uma lâmina em nossos dias. Cutelaria é vida. Ela é a minha vida, meu sustento e vida para humanidade.”
Márcio D’Ávila
Com a cultura do Rio Grande do Sul, a cutelaria D’Ávila investe em facas para o homem do campo, que possam ser utilizadas com facilidade no dia a dia. Para Marcio, além de um instrumento, as facas fazem parte da cultura gaúcha que se transfere de geração a geração. “Desde a infância nós vemos o pai, os avós, tios usando e valorizando essa ferramenta. É um produto que é importante. Quando um menino de 15 anos ganha do padrinho, do avô ou pai uma faca, isso tem um valor imensurável. Não tem preço que pague a faca ganhada de presente.”
Eduardo Berardo
Em uma viagem há 10 anos ao Rio Grande do Sul, o capitão da Polícia Militar Eduardo Berardo conheceu um rapaz que se dedicava a cutelaria. Interessado pela prática, tornou-se seu aprendiz à distância. “Ele me dava orientações. Fui na tentativa e erro, na perseverança. Quando nos víamos ele avaliava meu trabalho. Persisti e, aos poucos, vendi. Com o dinheiro, comprei equipamentos e hoje tenho minha oficina.” Para Eduardo, ser cuteleiro é gratificante. “Eu brinco que não trabalho, me divirto o tempo inteiro. Sou sempre recompensado. Recompensado não apenas pelo lado financeiro, que para mim é o menos importante, mas pelo emocional. É muito satisfatório trabalhar por horas, dias e, às vezes, semanas em uma determinada peça. Você termina, vê que fica um trabalho primoroso. Os clientes que compram dão um feedback positivo. É legal saber que uma pessoa adquiriu uma peça sua, que vai fazer parte da coleção dela e que provavelmente essa coleção passará de geração a geração. Temos um tratamento digno pelo trabalho que prestamos”.
Sandro Boeck
Gaúcho e advogado, Sandro Boeck tem a cutelaria como sua grande paixão. Começou no ramo em 1997 quando, por meio de um editorial em uma revista sobre facas, confeccionou seu primeiro instrumento. Hoje ele recria facas das diferentes regiões do país e foi premiado por uma réplica da utilizada pelo cangaceiro brasileiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Para Boeck, o país tem potencial para ser um dos grandes celeiros de cuteleira do mundo. “Temos uma associação brasileira, estamos linkados na associação americana. Buscamos a essência da cutelaria com técnicas antigas, mas também com tecnologia. Cada peça é diferente, cada peça é única. Não é faca apenas de uso, mas é obra de arte.”
Fonte: Globo Rural

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