quarta-feira, 27 de julho de 2016

Consumo de carne bovina cai no Brasil e fecha frigoríficos

Símbolo supremo da ascensão da nova classe média ao longo da última década, a carne vermelha se transformou em artigo de luxo desde o início da recessão econômica, no segundo trimestre de 2014. O desemprego e a queda do poder aquisitivo da população derrubaram o consumo médio de carne bovina por habitante a um dos menores níveis da década: 32 kg/ano, segundo a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). Dez anos atrás, o volume girava em torno de 40 kg/ano por habitante. De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o cenário aponta para uma crise sem precedentes num setor que emprega mais de 1 milhão de pessoas no Brasil. Desde o começo de 2016, dezenas de frigoríficos fecharam as portas no país. Apenas em julho, no Paraná e em São Paulo, duas empresas demitiram mais de mil trabalhadores. Foi o caso da JBS, em Epitácio Pessoa; e da Oregon, em Apucarana. Para não fechar, algumas empresas estão fazendo readequações severas. Em Campo Mourão, na região Centro-Oeste do estado, os gerentes do frigorífico Orion & Magistral, Flávio Tagliari e Júlio Cesar Severino, contam que cancelaram todos os investimentos. ´Tínhamos um cronograma de investimentos na câmara fria, nas instalações da desossa e em contratações de mais funcionários. Porém, a crise fez com que colocássemos o pé no freio. Não dá para saber como serão os próximos meses´, dizem. Nos últimos quatro meses, o preço da arroba do boi gordo ´parou no tempo´, realizando um comparativo entre a cotação média do mês de julho/16, até o dia 21/07, com abril/16, constata-se uma variação negativa de 0,43%. E, com isso, a pergunta padrão é: como, em um ano de oferta restrita, o preço não consegue alçar ´voos´ maiores e buscar novos recordes? A explicação encontra-se no gráfico ao lado, onde através da PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) realizada pelo IBGE obtém-se o índice do volume de vendas no comércio varejista, indicador que representa o comportamento do varejo brasileiro. Como pode ser visto, a média do índice nos cinco primeiros meses de 2016 ficou em 100,96, pior valor desde 2011, demonstrando assim a piora clara no quadro da demanda. Diante disso, vislumbra-se que atualmente quem parece ter ´tomado´ as rédeas do preço do boi gordo é a demanda, limitando altas e até mesmo justificando as baixas. Os equivalentes são indicadores que podem expressar de forma bruta a receita das indústrias frigoríficas mato-grossenses, e mais uma vez o Imea chama a atenção para eles. Ao se vislumbrar o ECD (Equivalente Cortes Desossados) vê-se uma forte queda no decorrer de 2016, para se ter uma ideia em janeiro/16 o ECD atingiu o valor médio de R$ 164,13/@, já em junho/16 o mesmo indicador atingiu R$ 151,05/@, desvalorização de 7,97% em seis meses. A dificuldade do escoamento da carne bovina no mercado interno é o que tem motivado essas reduções. Além disso, o dólar já caiu 15,50% no mesmo período de comparação, afetando a competitividade da carne bovina brasileira nas vendas ao exterior, e diminuindo até mesmo a receita em reais. Ou seja, em suma, a situação da demanda, seja interna ou externa, mostra-se delicada, e com a oferta ainda restrita, a ´queda de braço´ entre os elos deve acirrar-se nos próximos meses. (IMEA) http://www.marceloabdon.com.br/ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão avaliados antes de serem liberados

Governadora anuncia edital de licitação para restauração de estradas no interior do RN

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra ( PT ), anunciou que o estado vai publicar, nesta terça-feira (26), o primeiro edital ...