segunda-feira, 20 de agosto de 2018

RAÇA LEITEIRA: Raça Valdostana

Raça Valdostana 
Características exteriores

Considerada como raça de porte médio, os pesos médios à maturidade variam de 600 quilos a 650 quilos nos machos e de 450 quilos a 550 quilos nas fêmeas. Os animais mais leves são mais adequados para as regiões montanhosas, e, os mais pesados, para áreas mais planas, com maior disponibilidade de forragens.

A pelagem apresenta vários tons de cor que vão do
vermelho-escuro ao vermelho-claro e as mucosas aparentes são rosadas. A cabeça, a região abdominal, a cauda e as partes dos membros próximas aos jarretes são brancas. Nos machos, a cabeça é curta e de espessura média, com chifres pequenos, finos e retos, inseridos lateralmente.

Nas fêmeas, a cabeça é mais leve, com perfil reto ou levemente côncavo, e os chifres diferem daqueles dos machos pelo formato curvilíneo.

Os animais exibem tórax amplo e profundo, com cernelha larga, dorso reto e musculoso, ventre de desenvolvimento regular, bacia larga e ampla, rabo fino e úbere bem desenvolvido, com tetas bem proporcionais. Os membros são leves e robustos e os cascos, de cor clara e duros, são perfeitamente adaptados para caminhadas sobre solos pedregosos e montanhosos. 

Características produtivas

Ainda segundo Errante et al.(1999), é uma raça classificada como de dupla aptidão, embora seja, na região de origem, utilizada de forma mais intensa para produção de leite. A produção média por lactação é de 3.300 litros a 3.500 litros, com 3,5% de gordura e 3,3% de proteínas. Esta é considerada uma produção excelente em função das inóspitas condições de criação. O leite apresenta características físicas e químicas, que, além de conferir maior rendimento na fabricação de queijo, dá origem a um produto de excelente qualidade e de grande aceitação no mercado interno. Por essa razão, praticamente toda a produção é destinada a esse fim.

Os mesmos autores salientam que para produção de carne, essa raça é também considerada eficiente. Os bezerros nascem relativamente leves, de 30 quilos a 35 quilos, mas o ganho médio diário, no primeiro ano de vida, é de 800 gramas a 900 gramas por dia, podendo chegar, segundo o Centro Genético de Gressan, a 1.100 gramas por dia, com uma conversão alimentar igual a 4,8.

Nas regiões montanhosas, os machos são comercializados para abate como vitelos, com pesos vivos médios de 180 quilos a 220 quilos, enquanto que nas regiões de planície, que apresentam maior disponibilidades de forragens, a comercialização para abate é realizada com animais com pesos médios de 350 quilos a 400 quilos, com a denominação de vitelão leve. Os rendimentos de carcaça são em torno de 58% e a carne é considerada de ótima qualidade.

Características reprodutivas

É considerada uma raça de grande longevidade e de boa fertilidade. O primeiro parto ocorre, em média, aos 33 meses de idade. O intervalo entre partos, um tanto longo, cerca de 400 dias, não pode ser considerado como uma característica fisiológica da raça e sim, conseqüência do manejo adotado.

A estação de monta é estabelecida de forma que os nascimentos ocorram no período de novembro a janeiro, evitando-se, assim, o deslocamento de vacas no início do período de lactação para pastos localizados em áreas montanhosas.
Animais da raça Valdostana têm demonstrado grande capacidade de aproveitamento de pastos e excelente resistência às mais diversas condições de ambiente (Errante et al., 1999).

AVALIAÇÕES PRELIMINARES

A introdução dessa raça no Brasil está sendo realizada por meio de sêmen, e é fruto de um convênio firmado entre a Associação Nacional dos Criadores da Raça Bovina Valdostana (A.N.A.Bo.Ra.Va.), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte) e a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária e Ambiental (FUNDAPAM). Além disso, a A.N.A.Bo.Ra.Va tem disponibilizado sêmen para mais cinco propriedades em Mato Grosso do Sul, uma no Maranhão e outra no Acre, para avaliar o desempenho de machos mestiços ½ Valdostana - ½ Nelore para produção de carne e o das fêmeas como mães em sistema de cruzamento terminal clássico.

Os primeiros nascimentos de animais mestiços, no Brasil, ocorreram no ano de 1996, em uma propriedade particular, situada no município de Camapuã, Mato Grosso do Sul. As matrizes utilizadas eram neloradas e, desde o período de inseminação artificial até a desmama dos bezerros, foram mantidas em pastagens de Brachiaria decumbens, recebendo apenas sal mineral à vontade. Esse mesmo manejo foi adotado para as fêmeas ½ Valdostana - ½ Nelore, até os doze meses de idade. A partir dessa idade, foram manejadas em pastos com capim-tanzânia e, com a idade média de catorze meses, expostas a rufiões com buçais marcadores na proporção de 1:40 e as que manifestaram cio foram inseminadas. Nessas condições, a porcentagem de parição foi de 65%.

Os quarenta machos, do mesmo grupamento genético, após a desmama, foram mantidos em pastos com capim-tanzâniaem sistema rotacionado até os dezoito meses de idade. Setenta e cinco porcento desses animais foram castrados, cirurgicamente, ao sobreano e os demais mantidos inteiros. Aos dezenove meses de idade, todos foram transferidos para as instalações de confinamento da Embrapa Gado de Corte, onde os inteiros foram separados dos castrados e mantidos em piquetes com, aproximadamente, 15 metros quadrados por animal e 0,60 metro linear de cocho para arraçoamento.

A alimentação fornecida constituiu-se de 45% de silagem de milho e 55% de concentrado formulado com 73,3% de milho moído, 19% de farelo de soja, 4,5% de uréia pecuária, 2,66% de calcário calcítico, 0,5% de flor de enxofre e 0,04% de rumensim. A ração foi fornecida de forma a garantir consumo ad libitum. Duas vezes por semana, ajustou-se a quantidade de ração a ser fornecida, em função da média dos restos que eram pesados diariamente. Tal procedimento tinha por objetivo garantir o consumo à vontade. Todos os animais foram pesados de 28 em 28 dias, e o abate, realizado de acordo com o grau de acabamento estimado de forma visual.

Deve-se salientar que apesar dos excelentes pesos de abate e rendimentos de carcaça, os animais, especialmente os inteiros, apresentaram pequena cobertura de gordura. Essa característica pode constituir-se em uma opção para a produção de carne com baixos teores de gordura.

Por outro lado, indica também que, para produzir carcaças com mais gordura em animais jovens, possivelmente, a ração a ser fornecida a esse grupamento genético deva ter uma formulação especial de forma a permitir que eles comecem a depositar gordura mais cedo. A conversão alimentar, estimada pela média do consumo de grupo, não tem a precisão que esta avaliação requer. Dessa forma, um trabalho mais acurado será conduzido em baias individuais.

Tanto em campo como em confinamento, os animais mostraram-se bem adaptados às condições climáticas médias do Brasil Central, com ligeiras infestações de carrapatos, bernes e moscas-dos-chifres apenas no período em que foram mantidos no pasto. 

AVALIAÇÕES FUTURAS

Na Embrapa Gado de Corte, os trabalhos com essa raça foram iniciados em 1997 com a inseminação das primeiras 120 vacas. O encerramento das avaliações está previsto para o ano de 2003.
Além das avaliações sobre aspectos de adaptação às condições climáticas médias do Brasil Central, os machos mestiços serão analisados com respeito à conversão alimentar e à produção de carne em dois sistemas de terminação.

As fêmeas serão utilizadas em sistema de cruzamento terminal clássico, acasaladas com touros da raça Canchim e avaliadas para os seguintes parâmetros: idade ao primeiro cio; taxas de concepção e reconcepção; consumo de matéria seca (MS) por quilo de bezerro desmamado; produção de leite e produção de quilo de bezerro desmamado e quilo de carne produzida por hectare.

Todos os animais serão mantidos, exclusivamente, em pasto, recebendo suplementação mineral à vontade. Os bezerros, tanto machos como fêmeas, durante a primeira seca de vida, receberão suplementação alimentar com concentrado, na razão de 1% do peso vivo médio dos animais.

Todas as fêmeas, independente do peso, serão colocadas com touros com a idade de treze a quinze meses.


Fonte: CNPGC

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