quarta-feira, 1 de julho de 2015

Há pessoas que fazem sexo melhor do que outras?

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Por *Regina Navarro Lins
“Um bom sexo depende da expectativa de cada um. Para uma pessoa comum é ter um orgasmo, depois outro, mais outro… e acabou. Isso ocorre porque ela está muito ligada ao sexo animal. O bichinho sente um impulso instintivo, cruza, espalha suas sementinhas e pronto. Para os tântricos, o sexo oferece expectativas maiores. É
possível viver o sexo intensamente, não aqueles segundinhos de mero espasmo nervoso. O que a gente quer não é um orgasmo, nem mesmo um orgasmo múltiplo, e sim um hiperorgasmo.”, diz Mestre De Rose, autor de vários livros sobre o tema.
Para o psicoterapeuta e escritor José Ângelo Gaiarsa, “o sexo praticado hoje é extremamente estereotipado. Qual é o resultado disso? 70% dos americanos ejaculam dois minutos ou menos depois da penetração. E segundo os especialistas, nós, os ocidentais, temos, todos, ejaculação precoce. O Tantra, que é primoroso a esse respeito, mostra o que o ocidental perde de prazer! E sempre servindo ao patriarcado, porque o nosso prazer é tão precário que você não vai brigar demais por ele. Você perde a noção do que é prazer e felicidade. Se você tem prazer e conhece a felicidade você tem tesão geral. Se você vai matando este tesão primário da vida, você se torna parte de um rebanho, vai brigar para quê?”
O sexo, na intimidade da vida de cada um, continua sendo para a maioria um problema complicado, difícil, cheio de dúvidas e autojulgamentos negativos. A liberdade sexual de hoje é mais falada do que realizada, ainda existindo em quase todos uma carência fundamental de sexo, tanto em quantidade como em qualidade.
Não é sem motivo que o psicanalista Wilhelm Reich falava na miséria sexual das pessoas. Mas poucos se dão conta disso; as dificuldades sexuais são tantas que quando ocorre uma descarga sexual acham que foi tudo bem. E nesse caso a frase de Jung, “O pior inimigo do ótimo é o bom”, cai como uma luva. Mas, enfim, por que o sexo praticado entre nós é de tão baixa qualidade?
O ser humano possui uma amplitude sexual inigualável, podendo experimentar e viver a sexualidade desde a simplicidade reprodutora de um puritano até o êxtase do sexo tântrico. Para Reich, a saúde psíquica depende do ponto até o qual o indivíduo pode entregar-se e experimentar o clímax de excitação no ato sexual. As enfermidades, ao contrário, seriam o resultado do caos sexual da sociedade. Afinal, o ser humano é a única espécie que não segue a lei natural da sexualidade.
Gaiarsa diz que o sexo reprimido significa liberdade reprimida. Ao restringir o sexo, a sociedade consegue ao mesmo tempo paralisar o indivíduo, isto é, torná-lo bonzinho, dócil, submisso, resignado, fácil de levar, de assustar e de explorar. E é por isso que o sexo é responsável pela maior perseguição na área dos costumes humanos e o maior mistério diante do óbvio.
Para ele não há dúvida de que se o indivíduo vai ampliando, aprofundando e diversificando sua vida sexual, vai ficando corajoso para fazer as coisas. Vive com mais alegria, esperança e decisão. Portanto, pode ficar perigoso do ponto de vista da ordem estabelecida. Não foi à toa que todas as forças repressoras de todas as épocas se voltaram tão sistematicamente contra a sexualidade humana.
Dessa forma, os estereótipos tradicionais de masculinidade e feminilidade das sociedades patriarcais inibiram a capacidade de homens e mulheres para o prazer sexual. As mulheres tiveram sua sexualidade reprimida e distorcida, a ponto de até hoje algumas serem incapazes de se expressar sexualmente, muito menos atingir o orgasmo.
Os homens, por sua vez, também tiveram a sexualidade bloqueada. A preocupação em não perder a ereção é tanta que fazem um sexo apressado, com o único objetivo de ejacular. A mulher, com toda a educação repressora que teve, ainda se sente inibida em sugerir a forma que lhe dá mais prazer. Acaba se adaptando ao estilo imposto pelo homem, principalmente por temer desagradá-lo.
Exercer mal o sexo é isso: não se entregar às sensações e fazer tudo sempre igual, sem levar em conta o momento, a pessoa com quem se está e o que se sente. É fundamental não ter preconceito nem vergonha, considerar o sexo natural, fazendo parte da vida.
A busca do prazer pode então ser livre e não estar condicionada a qualquer tipo de afirmação pessoal. O sexo pode ser ótimo quando se cria o tempo todo junto com o parceiro e o único objetivo é a descoberta de si e do outro. Assim, ele deixa de ser a busca de um prazer individual para se tornar um poderoso meio de transformar as pessoas.
*Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 11 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda” e “O Livro do Amor”. Atende em consultório particular há 39 anos, realiza palestras por todo o Brasil e é consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

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