Antes de se
tornar um conceituado psicólogo na Universidade da Califórnia em Los Angeles
(UCLA), nos EUA, o americano Adi Jaffe era viciado no popular Pervitin (nome
comercial para a metanfetamina).
Quando ele
decidiu mudar de vida e se desintoxicar, não foram as reações do corpo que mais
dificultaram sua recuperação. Foram as pessoas. Segundo ele, a sociedade olha
com desconfiança para ex-viciados devido a alguns estereótipos que recaíram
sobre eles ao longo do tempo.
5 – Não existe
nenhum “gene do vício”
Já houve
pesquisas sugerindo que algumas pessoas são geneticamente predispostas a se
viciar em determinados tipos de comida ou de outras substâncias químicas, mas o
pesquisador americano afirma que isso não é verdade.
Nenhum
cromossomo, segundo ele, determina que alguém vai se viciar em determinado tipo
de droga caso experimente. O que existem são tendências: pesquisas recentes
estimam que 50% da propensão ao vício em uma pessoa têm alguma relação com a
genética. Os outros 50% dependem de outros fatores corporais e
ambientais.
4 – A maconha
não é a “porta de entrada” para outras drogas
Mães de
adolescentes no Brasil e no mundo têm um terrível ataque de pavor quando ouvem
falar em maconha. A droga ganhou fama de ser o início da carreira de um viciado.
Sendo barata, fácil de obter e não causando nenhum grande dano no corpo humano
nos primeiros contatos, ela é tida como uma droga que “prepara o terreno” do
organismo para outras mais pesadas que virão a seguir.
Um equívoco,
de acordo com Jaffe. A maconha tem um poder de viciar menor do que o álcool. O
que se encaixa nesse perfil de “pórtico de passagem” são algumas substâncias
muito populares entre adolescentes nos Estados Unidos, mas que nem fazem tanto
sucesso por aqui: Oxicodona e mistura de Paracetamol com Hidrocona (conhecidos
por seus nomes comerciais de OxyContin e Vicodin).
3 – Vício não é
uma doença permanente
Está na
cartilha básica dos alcoólicos anônimos que o vício em bebidas é uma doença
“progressiva, incurável e fatal”. Ou seja: uma vez viciado, você será viciado
até o fim da vida, e só a vigilância e tratamento constante o manterão longe da
substância.
Talvez a
forma como se aborda os viciados em bebidas seja diferente entre o Brasil e os
Estados Unidos, mas Jaffe apresenta um número impressionante: segundo o NIAAA
(na prática, os Alcoólicos Anônimos da terra do Tio Sam), 75% das pessoas
consideradas alcoólatras se recuperam sem tratamento. Isso prova, segundo eles,
que a força do vício varia de um organismo para outro.
2 – Drogas não
causam danos irreversíveis ao cérebro
Empregadores
e chefes de admissão de universidades olham muito ressabiados para ex-viciados,
segundo Jaffe. Está muito disseminada, de acordo com o psicólogo, a ideia de que
as drogas devastam neurônios e dão prejuízos permanentes ao cérebro. Não existe,
no entanto, nenhuma prova de que o cérebro não possa se recuperar. Mesmo entre
aquelas que atingem o sistema nervoso diretamente.
1 – Um pessoa já
é viciada antes de atingir o fundo do poço
Em muitos
círculos sociais, uma pessoa só passa a ser vista como “drogada” quando algo
realmente ruim acontece: perde o emprego ou larga os estudos, tem algum bem ou
dinheiro da família extorquido por um traficante, passa uma noite na cadeia ou
em um banco de praça.
Jaffe afirma
que é perigoso pensar assim. Não pode haver diferença entre o tratamento
dispensado a alguém que usa drogas de vez em quando, por recreação, e àquele que
já sofreu algum dos infortúnios citados acima. Ambos merecem atenção por parte
de quem pode ajudá-los a superar o problema. [CNN/NIAAA/AABR]
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