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Ainda
existe bastante preconceito em torno do sexo casual, como se a prática
não pudesse fazer tão bem quanto uma relação acompanhada de sentimentos.
Do ponto de vista científico, há poucos estudos destinados a analisar o
impacto desse tipo de comportamento na vida de cada um e os resultados
até agora foram bastante diversos.
Motivada por essa lacuna no campo da
sexualidade humana contemporânea, a pesquisadora Zhana Vrangalova,
psicóloga e atual professora do Departamento de
Psicologia da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, resolveu conduzir um estudo para entender como o sexo casual afeta as pessoas.
Psicologia da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, resolveu conduzir um estudo para entender como o sexo casual afeta as pessoas.
A pesquisa, realizada com 530 estudantes
da universidade Cornell, também em Nova York, revelou que a prática tem
impacto positivo na saúde mental quando é feita pelas razões ou
motivações certas. Ou seja, quando alguém realmente deseja o sexo casual
e busca a relação apenas por diversão ou prazer, por exemplo.
Quando a pessoa procura esse tipo de
sexo pelas motivações erradas, como querer agradar alguém ou por
vingança, os efeitos são negativos. “Meu estudo mostrou que fazer sexo
casual pelas razões erradas leva a um nível maior de ansiedade e
depressão, a mais problemas físicos e menor autoestima”, disse Zhana
Vrangalova, em entrevista ao UOL por e-mail.
Aqueles que tiveram a relação sexual
esporádica pelas motivações adequadas não apresentaram as condições
descritas aumentadas. Segundo a pesquisadora, os dados, coletados em
2010 e publicados este ano, não apontaram diferenças de resultados entre
homens e mulheres.
A psicóloga Maria Luiza Araújo,
especialista em sexualidade humana e integrante do Ambulatório de
Sexualidade do Hospital Moncorvo Filho, da Faculdade de Medicina da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), também acredita que as
consequências do sexo casual dependem dos envolvidos e de suas
motivações. “Pode ser muito bom para uma pessoa que não quer se ligar
afetivamente a ninguém e muito ruim se a pessoa se sentir usada”,
exemplifica.
Amor e afeto
Para o psicólogo clínico e escritor
Frederico Mattos, autor do livro “Como Se Livrar do Ex”, da editora
Matrix, assim como no sexo com amor, as pessoas são capazes de ter
experiências positivas ou negativas no relacionamento casual. Ele
destaca que a prática faz mal quando surge de uma atitude
autodestrutiva. “É prejudicial quando for uma forma contrariedade
pessoal, autopunição ou repúdio a si mesmo, uma maneira de se
maltratar”, explica.
Para se entregar à prática sem acarretar
problemas futuros, o psicólogo afirma que é importante ter clareza do
que se quer, sem confundir as expectativas. Quando isso acontece, Mattos
diz que esse tipo de sexo pode trazer recompensa emocional. “Afinal,
sentir-se desejado sexualmente é gratificante também, independentemente
se venha de um relacionamento estável ou casual”, reforça.
Maria Luiza ressalta que o sexo casual
não funciona para quem precisa de afeto para concretizar uma relação.
Ela pontua que essa necessidade é mais frequente nas mulheres. “O sexo
casual geralmente tem tesão, mas não tem afeto”, fala.
Mulheres x homens
Apesar da pesquisa não indicar
distinções nas consequências do sexo casual entre os gêneros, a maneira
de lidar com a prática nem sempre é a mesma. Na opinião de Frederico
Mattos, para os homens, culturalmente, acaba sendo mais fácil ceder aos
desejos sem interferência de barreiras morais. “Além de brigarem com
seus demônios pessoais, as mulheres ainda precisam cuidar de uma
reputação que potencialmente seria maculada por um comportamento sexual
mais livre”, analisa.
A psicóloga do Ambulatório de
Sexualidade da UFRJ observa que também é mais comum entre as mulheres
fazer sexo casual mesmo sem vontade, pela dificuldade em dizer não ou
pelo medo de perder o parceiro. “Ela tem receio de o parceiro não a
procurar de novo e acaba transando, às vezes, mesmo sem estar excitada”,
relata Maria Luiza.
Zhana Vrangalova, que também coordena o
The Casual Sex Project, site que reúne histórias reais de sexo casual,
diz que ainda existe muito preconceito em torno dessa prática sem
compromisso. “Porque nós fomos ensinados que isso é ruim. Nós vivemos em
uma cultura em que o sexo deve somente acontecer com pessoas que estão
em um relacionamento”, acredita a pesquisadora.
Para Frederico Mattos, tanto homens
quanto mulheres são capazes de experimentar o sexo sem envolvimento.
“Podemos desejar estranhos e desenvolver o clímax sexual sem saber de
sua intimidade, mas algumas pessoas acham impossível, o que é apenas
falta de hábito”, diz.
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