Palhinha também fala sobre Muller, Telê Santana e outras histórias do passado
Palhinha marcou época no São Paulo no começo da década de 1990. Conquistou títulos importantes, ganhou dinheiro e fama. Ao longo de 18 anos de carreira, ele também acumulou algumas histórias e uma polêmica na vida particular. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o ex-atacante - hoje com 40 anos - contou que “morria de medo de Telê Santana”, admitiu que nunca esquecerá o pênalti perdido na final da Libertadores de 1994 e relembrou a polêmica causada por seu relacionamento com a ex-mulher de Danrlei.
- Palhinha brilhou no São Paulo, mas também defendeu times como Flamengo, Cruzeiro e Grêmio
Atualmente afastado do futebol depois de uma decepção ao atuar como empresário de jogador, Palhinha se dedica a uma clínica de estética na zona leste de São Paulo. Ao recuperar memórias dos tempos de atleta, ele falou sobre o assédio de mulheres conhecidas e comentou que Muller, em difícil momento financeiro atualmente, sempre se metia em confusão.
“O Muller é muito complicado, desde quando jogava. Sou suspeito de falar porque gosto muito dele, mas a mesma velocidade que ele tinha no campo, tinha para fazer bobagem fora de campo. Acho que o Muller não teve amigos que o ajudassem a frear um pouco”, opinou.
A EX-MULHER DE DANRLEI
Tenho um filho com a Michele, ex-mulher do Danrlei e que hoje também é minha ex-mulher. Eu me separei de 1998 para 1999 e em 2000 conheci a Michele. Ela já estava separada do Danrlei. Nunca tive amizade com o Danrlei, não sabia quem era a família dele. Morei seis anos com a Michele e temos um filho de oito anos, o Ryan. Na época o Danrlei falou muita bobagem, talvez porque o Grêmio não vinha bem e ele estava tomando muitos gols. Ele foi infeliz no que falou e ficou ruim para ele. As pessoas começaram a falar que ele era corno. Eu não traí ninguém, ele é que foi infeliz no que falou.
“O MULLER É MUITO COMPLICADO”
O Muller é muito complicado, desde quando jogava. Sou suspeito de falar porque gosto muito dele, mas a mesma velocidade que ele tinha no campo, tinha para fazer bobagem fora dele. Acho que o Muller não teve amigos que o ajudassem a frear um pouco. Todo mundo faz bobagem, eu fiz muita também. O Muller é louco [risos], é o jeito dele. Às vezes, você dava bom dia para o Muller e à tarde ele nem te olhava, parecia que nem te conhecia. Tenho carinho muito grande por ele.
Você podia ganhar o jogo e dar show, mas no outro dia o Telê dava uma no gogó. Eu tomava bronca todo dia do Telê, morria de medo dele
Eu estava em um restaurante jantando com amigos quando chegou uma mulher bastante conhecida, puxou a cadeira e perguntou se podia se sentar. Depois de um tempo, ela disse que se não saísse comigo não iria embora para lugar nenhum. Fiquei sem jeito e ainda perguntei: ‘você está louca, deve ter bebido, olha minha carcaça [risos]. A tentação foi bem grande.
MEDO DE TELÊ
O Telê [Santana] dava bronca todo dia. Você podia ganhar o jogo e dar show, mas no outro dia ele te dava uma no gogó. Eu tomava bronca todo dia do Telê, morria de medo dele. Você não esperava que o treinador sempre te cobrasse tanto e às vezes ficava um pouco chateado, mas foi muito bom para mim. Tenho uma saudade grande. Hoje é difícil achar um treinador que proteja tanto seus jogadores como ele fazia.
O Ronaldão e o Zetti me trancavam no quarto e eu tinha que ler o jornal para saber o que estava acontecendo. Depois eles me perguntavam, parecia lição de casa
Eu não estudei. Então o Ronaldão e o Zetti me trancavam no quarto e eu tinha que ler o jornal para saber o que estava acontecendo, porque depois eles ficavam me perguntando, parecia lição de casa. Era um compromisso para que eu estivesse informado e não vivesse só do futebol.
PÊNALTI PERDIDO NA FINAL DA LIBERTADORES
Não sei se o Chilavert defenderia de novo, mas eu bateria novamente aquele pênalti, eu era o batedor oficial do São Paulo. Esse pênalti tirou meu sono por muito tempo, seríamos campeões pela terceira vez seguida da Libertadores, seria espetacular. Ali ficou um pedacinho da minha vida. Até digerir não foi fácil, foi bem complicado. A verdade é que a gente não esquece nunca, é uma coisa que marca. Mas não me vejo como culpado pela derrota porque o time não fez o suficiente antes dos pênaltis. Eu só me culpava no começo, depois parei.
*Nota da redação: Na final da Libertadores de 1994, após vitória por 1 a 0 no tempo normal, o São Paulo perdeu nos pênaltis para o Vélez Sarsfield. Palhinha errou sua cobrança
O Muricy é o melhor técnico do Brasil já faz tempo. Ele é chato para caramba, é xarope, mas se andar na linha, ele briga por você mesmo. Sou fã dele dentro e fora de campo. Ele é o top
O Muricy é o melhor técnico do Brasil disparado há um bom tempo já. Tive vários treinadores com muita qualidade, mas o Muricy está muito acima da média. Você nota que muitas vezes os caras estão correndo por ele, já que ele compra as brigas dos jogadores. O Muricy é chato para caramba, é xarope, mas se andar na linha, ele briga por você mesmo. Sou fã dele dentro e fora de campo. Ele é o top. E agora está mais ranzinza, já que está ficando mais velho.
HOMOSSEXUALISMO
Cada um tem que se preocupar com sua vida. A escolha é de cada um. Falta muito respeito das pessoas nesse sentido. Eu tenho seis filhos e não sei qual será a opção de vida deles. Nunca ficarei contra as opções deles, desde que sejam homens e mulheres dignos. Falei com o Toninho Cerezo sobre isso, ele me disse: ‘Palha, ele é meu filho, não serei contra, é a opção de vida dele’”.
*Nota da redação: Toninho Cerezo é pai da transexual Lea T
DECEPÇÃO COM FUTEBOL
Eu estava trabalhando com jogadores de futebol e tive algumas decepções. Tem muita cobra nesse meio, muita cobra grande, e a gente que está começando passa a incomodar as pessoas. Aí me afastei do futebol. A única decepção que tive no futebol foi com essa pessoa, que continua como empresário de jogadores. Era uma amizade que eu tinha antes de cuidar de jogadores, então foi uma decepção grande. Para muita gente o dinheiro faz mal.
Esse pênalti tirou meu sono por muito tempo. Ali ficou um pedacinho da minha vida. Até digerir não foi fácil, foi bem complicado. A verdade é que a gente não esquece nunca, é uma coisa que marca
As loucuras que fiz foram com carros. Eu não sossegava enquanto não comprava um carro novo que me agradava. Você começa a ganhar dinheiro e quer comprar tudo, só depois vai baixando a poeira. Eu via um carro e ficava alucinado. Já comprei a grande maioria de marcas de carro que chegaram ao Brasil. Ainda tenho um sonho de consumo: uma Ferrari vai bem, mas preciso ganhar na loteria [risos].
SÃO PAULO
Será difícil ter um time como o São Paulo de 1992, individual e coletivamente. Era um grupo muito fechado, você não conseguia dar um espirro se não estivesse dentro da nossa cartilha de trabalho. Pensávamos no time. O Raí era o cara do momento, aparecia em TV, jornal, mas para a gente não importava quem aparecia, só importava ganhar. Eu ficava babando de vontade para jogar, o time era muito bom. O estádio estava quase sempre cheio e a gente entrava em campo sabendo que a chance de ganhar era sempre muito grande.
“GANSO É O CARA”
O Ganso é o cara, está muito acima dos outros. E você não escuta nada dele fora de campo. Ele joga muito e faz coisas que são complicadas para os outros parecerem simples. Sou fã dele, ele trata a bola com simplicidade, não precisa aparecer. Acredito que ele seja assim fora de campo, parece tratar todo mundo bem, com a mesma simplicidade que joga.
VERGONHA NA CARA
O que falta é um pouco de vergonha na cara dos jogadores mais novos, que hoje em dia ganham um absurdo. Os clubes estão pagando muito dinheiro e eles não estão preparados para essa situação. Não culpo a molecada por isso, é difícil mesmo lidar. O problema é quando deixam de ser profissionais e começam a achar que podem tudo, querem pegar todas as menininhas... E um jogador novo, com a energia à flor da pele e bem alimentado, vai desossar mesmo [risos]. O problema é que muitos jogadores de qualidade ficam pelo caminho.
RONALDINHO
Hoje a molecada vê o Ronaldinho Gaúcho virando a cara para um lado e tocando para o outro e acha que deve fazer isso. Eu queria ver o Ronaldinho fazer isso com o Telê Santana, ele estaria morto [risos]. O Telê ia agarrá-lo pelo cabelo. Estou falando isso, mas sou fã do Ronaldo, jogamos juntos no Grêmio.
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