quinta-feira, 9 de junho de 2011

POETA E ESCRITOR PATRONO DO MUNICÍPIO



Afonso Ligório Bezerra nasceu na antiga povoação de Carapebas, hoje município de Afonso Bezerra RN, em 9 de junho de 1907. Estudou no Colégio Diocesano Santo Antônio, em Natal, e no Atheneu Norte-rio-grandense. Ingressou na Faculdade de Direito de Recife em 1928, mas não terminou o curso, pois adoeceu logo em seguida. Como tantos de sua geração, Afonso foi mais uma vítima da tuberculose. Faleceu em Natal, aos vinte e três anos incompletos, no dia 8 de março de 1930.
Afonso colaborou com muitas publicações em vários jornais do Brasil. Entre suas preferências literárias, encontram-se Camões, Dante, Alceu Amoroso, Carlos de Laet.
Afonso Bezerra escreveu contos, crônicas, poemas, dramas, ensaios. Mas foi como contista que ficou conhecido. Entre os temas de sua preferência destacam-se o sertão, os flagrantes da vida sertaneja, a paisagem, a flor e a fauna numa linguagem autenticamente regional, no estilo enxuto que alguns anos depois Graciliano Ramos consagraria.
A produção literária e cultural do escritor apenas foi recolhida após sua morte, pelo crítico Manoel Rodrigues de Melo, e publicada num volume único intitulado Afonso Bezerra: ensaios, contos e crônicas.
Fique atento ao poema de Afonso Bezerra retratanto seu amor pelo sertão de Carapebas:
MINHA MUSA É SERTANEJA
Minha musa é sertaneja
Pois o sou de coração
Só se inspira nas belezas
Nas belezas do sertão.

O meu estro se desfere
Ao toque do violão
Executando ao luar
Ao luar do meu sertão.

Quando quero em dias tristes
Compor alguma canção
Eu passeio nas campinas
Nas campinas do sertão.

São também as fontes limpas
Fontes de imaginação
pois é todo ele um poema
Um poema do sertão.

Poema de lindos versos
Que falam ao coração
Pois correm santos amores
Amores pelo sertão.

Lá há tantas criaturas
Abrasadas de paixão
Para quem é doce a vida
Doce a vida do sertão.

Mesmo os amores são outros
Diferente a afeição
Pois predomina a firmeza
A firmeza no sertão.

É só por isso que eu digo
Quando há ocasião
Minha musa é bem filha,
É bem filha do sertão.

Para os que ali nasceram
Que doce consolação
Meditar na poesia
Na poesia do sertão.

Quando em noites estreladas
Contemplo a imensidão
Do espaço, lembro o céu
O céu lindo do sertão.

E embebido deste modo
Em doce contemplação
Eu sinto duras saudades
Saudades lá do sertão.

E então para acalmar
A acerba recordação
Minha musa é sertaneja
Pois sou filho do sertão.

Marcos Calaça, jornalista (UFRN)

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