Tribuna do Norte
Yuno Silva - repórter
A missão de traçar um panorama atualizado da produção poética brasileira desde o tempo da Colônia até a contemporaneidade é a espinha dorsal que sustenta a coleção "Roteiro da Poesia Brasileira" (Global Editora), que já soma 15 volumes lançados desde 2007. O projeto, conduzido pela escritora Edla Van Steen, reuniu especialistas e pesquisadores responsáveis pela seleção dos principais autores que marcaram e colaboraram de forma crucial para a formação da identidade da literatura tupiniquim conduzida por versos. Cada um dos volumes representa um período, e há potiguares representados por nomes como Auta de Souza, no título dedicado ao Simbolismo, Sanderson Negreiros e Zila Mamede (Anos 50), Nei Leandro de Castro (Anos 60) e Moacy Cirne (Anos 70).
"Eu parti do consenso crítico que consagraram os sete nomes selecionados", disse Domício Proença Filho por telefone ao VIVER. Membro da Acadêmia Brasileira de Letras, romancista e crítico literário, ele organizou o título sobre o Arcadismo (século 18). O pesquisador buscou representatividade e a escolha de seu nome para organizar o volume está atrelada às pesquisas que ele já desenvolvia sobre o tema.
Já Antônio Carlos Secchin, poeta e ficcionista, responsável pelo volume que trata sobre o Romantismo, buscou equilibrar autores presentes em antologias já publicadas anteriormente. "Adotei um critério rigoroso, meticuloso, examinei várias antologias para contemplar os autores mais significativos", disse Secchin. Estudioso das obras de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varela, ele afirma que a coleção é o "maior conjunto de poesia brasileira já produzido".
Os 15 volumes da coleção Roteiro da Poesia Brasileira
"Raízes" - seleção de Ivan Teixeira, pesquisador e professor de literatura. Entre os oito autores destacados estão José de Anchieta e Gregório de Matos. Concebida como projeção de códigos e interesses europeus, a poesia brasileira dos séculos 16, 17 e início do 18 tinha como finalidade auxiliar a compreensão da realidade histórica.
"Arcadismo" - seleção de Domício Proença Filho, romancista, ensaísta, professor e crítico literário carioca. Entre os sete autores destacados estão Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Domingos Caldas Barbosa. O Arcadismo (século 18) representa o primeiro grupo homogêneo de poetas da literatura brasileira. Iniciaram movimento de autonomia da literatura brasileira.
"Romantismo" - seleção de Antônio Carlos Secchin, pesquisador, professor universitário, ensaísta, poeta e ficcionista. Entre os 20 autores destacados estão Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Enquanto movimento, o Romantismo materializou de forma evidente o anseio de nacionalização da literatura.
"Parnasianismo" - seleçãode Sânzio de Azevedo, escritor, professor, doutor em Letras. Entre os 19 autores destacados estão Olavo Bilac, Machado de Assis e Humberto de Campos. Adoçado e humanizado no Brasil, o parnasianismo prega a arte pela arte e a impassibilidade, mas ao invés da frieza exaltada pelos franceses, os poetas brasileiros cultivaram um discreto sentimentalismo e um exacerbado sensualismo.
"Simbolismo" - seleção de Lauro Junkes, doutor em Teoria da Literatura e professor aposentado. Entre os 24 autores estão a potiguar Auta de Souza, Cruz e Sousa e Mário Pederneiras. Inquietos e descontentes com os limites da vida cotidiana, os simbolistas sacudiram a poesia brasileira ao repudiar a brutalidade do mundo.
"Pré-modernismo" - seleção de Alexei Bueno, pesquisador, ensaísta, editor e tradutor carioca. Entre os 14 autores destacados estão Augusto dos Anjos, Gilka Machado e Ribeiro Couto. O conceito literário é um dos mais vagos, trata-se, na verdade, de um estilo definido pela negação: ainda não é modernista, e já transcendeu o parnasianismo e o simbolismo.
"Modernismo" - seleção de Walnice Nogueira Galvão, professora Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, escritora. Entre os 17 autores destacados estão Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes. O Modernismo significou uma atualização dos padrões estéticos e uma abertura a todas as aventuras. Também influenciou as artes, a educação e a produção de pensamento sobre o Brasil. O ponto de ruptura foi marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922.
"Anos 30" - seleção de Ivan Junqueira, poeta, ensaísta e tradutor. Entre os 12 autores destacados estão Manoel de Barros, Cecília Meireles e os também modernistas Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes. A poesia produzida nos anos trinta caracteriza-se, acima de tudo, por uma distensão da linguagem e do ritmo, o que pode ser entendido como uma inevitável consequência histórica e literária do ideário transgressor de 1922.
"Anos 40" - seleção de Luciano Rosa, pesquisador de literatura brasileira do século 20, articulista e ensaísta. Entre os 34 autores estão João Cabral de Mello Neto, Mário Quintana e Américo Facó. Após a efervescência das décadas anteriores, a poesia dos anos 1940 corresponde a um período de reavaliação da poesia brasileira com disposição lírica, métrica e marcada pela restauração das técnicas tradicionais de composição.
"Anos 50" - seleção de André Seffrin, crítico e ensaísta gaúcho. Entre os 56 autores estão Hilda Hilst, Haroldo de Campos, Ferreira Gullar, Ariano Suassuna e os potiguares Zila Mamede e Sanderson Negreiros. Os anos 1950 representam o período mais fértil da poesia brasileira do século 20.
"Anos 60" - seleçãode Pedro Lyra, poeta, ensaísta e crítico, tem cerca de 20 títulos publicados. Entre os 40 autores destacados estão Affonso Romano de Sant´Anna, Ivan Junqueira e o potiguar Nei Leandro de Castro. Ambígua, a década de 1960 mergulhou no obscurantismo político mas motivou a produção de uma grandiosa obra de resistência e superação no campo cultural.
"Anos 70" - seleção de Affonso Henriques Neto, escritor e advogado. Entre os 45 autores destacados estão Chacal, Paulo Leminski, Waly Salomão e o potiguar Moacy Cirne. Os anos 1970 foi marcada pelo embate entre as ideias libertárias. Eclosão da chamada "poesia marginal".
"Anos 80" - seleção de Ricardo Vieira Lima, crítico literário, ensaísta, jornalista e poeta. Entre os 55 autores estão Alexei Bueno, Alice Ruiz, Arnaldo Antunes, Eucanaã Ferraz, Glauco Mattoso e Sylvio Back. Ao ritmo da abertura democrática, "lenta, segura e gradual", a poesia dos anos 1980 não estava mais tão interessada em combater a ditadura Militar, mas falar, com liberdade, sobre si mesmos, seu mundo e seus interesses.
"Anos 90" - seleção do poeta Paulo Ferraz. Entre os 44 autores destacados estão Antônio Cicero, Carlito Azevedo e Fabrício Carpinejar. A década de 1990 consolidou uma série de conceitos e valores que vinham alterando o debate cultural, a percepção da sociedade e as perspectivas em relação ao tempo e ao espaço.
"Geração 2000" - seleção de Mauro Lucchesi, professor universitário, poeta, ensaísta e tradutor carioca. Entre os 45 autores destacados estão Estrela Ruiz Leminsky, Igor Fagundes, Kátia Borges e Leonardo Martinelli. Os anos 2000 apresentam um duplo aspecto: a biodiversidade irredutível (em termos de autores, mídias e tendências) e o descentramento geográfico.
POTIGUARES NAS ANTOLOGIAS
SIMBOLISMO
"Vem beber, meu amor, neste rio que é fonte,/É fonte de esperanças e lago de quimera.../
Vem morar n'um país que não tem horizonte/Onde não chora o Inverno e só há Primavera".
(Auta de Souza, trecho do poema Página Azul)
ANOS 50
"Aos que amam, ficou dada/Esta terra. O chão de hortaliças,/Aves, mágoas e a claridade/Do silêncio. Aos que morreram,/Frutificam as árvores, no crepúsculo,/Fechadas em treva. Aos que ansiavam/Pela luz, fenece a manhã. Con-/Sagra-se a lenta aterrorização."
(Sanderson Negreiros, Gênero Espécie - Os lances Exatos)
"Três navios fugindo, três demônios/do mar fazendo suas montarias./ Ninguém dizendo adeus, todos chorando, eu querendo remar, mas eu ficando."
(Zila Mamede, Cais - Salinas)
ANOS 60
As tuas pernas estão abertas, porteiras abertas,/e assim poderias deter um rebanho de faunos/com suas flautas doces, suas armas em riste./Estás em silêncio. Eros gargalha./A ternura me envolve, me faz quase triste.
(Nei Leandro de Castro, Eu, Tu, Eros/inédito)
ANOS 70
"Teus horizontes/quero lamber teus incêndios teus crepúsculos teus/ delírios teus silêncios quero/ lamber teus gemidos/ teus morangos teus sonhos teus desejos/ teus mistérios quero/ lamber/tuas planícies tuas auroras tuas acácias/tuas alegrias/tuas luas/ tuas alegorias tuas palavras/ Eu quero"
(Moacy Cirne, Poema para a mulher amada, Balaio Incomum)
Yuno Silva - repórter
A missão de traçar um panorama atualizado da produção poética brasileira desde o tempo da Colônia até a contemporaneidade é a espinha dorsal que sustenta a coleção "Roteiro da Poesia Brasileira" (Global Editora), que já soma 15 volumes lançados desde 2007. O projeto, conduzido pela escritora Edla Van Steen, reuniu especialistas e pesquisadores responsáveis pela seleção dos principais autores que marcaram e colaboraram de forma crucial para a formação da identidade da literatura tupiniquim conduzida por versos. Cada um dos volumes representa um período, e há potiguares representados por nomes como Auta de Souza, no título dedicado ao Simbolismo, Sanderson Negreiros e Zila Mamede (Anos 50), Nei Leandro de Castro (Anos 60) e Moacy Cirne (Anos 70).
Aldair DantasColeção de antologias da global traça roteiro da poesia brasileira, dos primeiros versos À geração do século 21.
À venda nas principais livrarias da cidade, a série pode ser adquirida separadamente, por preços que variam entre R$ 30 e R$ 45. As épocas são evidenciadas desde a capa, com tipologia e ícones que identificam cada período, e o conteúdo traz verbete sobre o autor destacado, texto que contextualiza o momento e o estilo, e ainda incorpora prefácio que esclarece, em muitos casos, o método adotado pelo organizador para se chegar ao resultado. "Eu parti do consenso crítico que consagraram os sete nomes selecionados", disse Domício Proença Filho por telefone ao VIVER. Membro da Acadêmia Brasileira de Letras, romancista e crítico literário, ele organizou o título sobre o Arcadismo (século 18). O pesquisador buscou representatividade e a escolha de seu nome para organizar o volume está atrelada às pesquisas que ele já desenvolvia sobre o tema.
Já Antônio Carlos Secchin, poeta e ficcionista, responsável pelo volume que trata sobre o Romantismo, buscou equilibrar autores presentes em antologias já publicadas anteriormente. "Adotei um critério rigoroso, meticuloso, examinei várias antologias para contemplar os autores mais significativos", disse Secchin. Estudioso das obras de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varela, ele afirma que a coleção é o "maior conjunto de poesia brasileira já produzido".
Os 15 volumes da coleção Roteiro da Poesia Brasileira
"Raízes" - seleção de Ivan Teixeira, pesquisador e professor de literatura. Entre os oito autores destacados estão José de Anchieta e Gregório de Matos. Concebida como projeção de códigos e interesses europeus, a poesia brasileira dos séculos 16, 17 e início do 18 tinha como finalidade auxiliar a compreensão da realidade histórica.
"Arcadismo" - seleção de Domício Proença Filho, romancista, ensaísta, professor e crítico literário carioca. Entre os sete autores destacados estão Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Domingos Caldas Barbosa. O Arcadismo (século 18) representa o primeiro grupo homogêneo de poetas da literatura brasileira. Iniciaram movimento de autonomia da literatura brasileira.
"Romantismo" - seleção de Antônio Carlos Secchin, pesquisador, professor universitário, ensaísta, poeta e ficcionista. Entre os 20 autores destacados estão Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Enquanto movimento, o Romantismo materializou de forma evidente o anseio de nacionalização da literatura.
"Parnasianismo" - seleçãode Sânzio de Azevedo, escritor, professor, doutor em Letras. Entre os 19 autores destacados estão Olavo Bilac, Machado de Assis e Humberto de Campos. Adoçado e humanizado no Brasil, o parnasianismo prega a arte pela arte e a impassibilidade, mas ao invés da frieza exaltada pelos franceses, os poetas brasileiros cultivaram um discreto sentimentalismo e um exacerbado sensualismo.
"Simbolismo" - seleção de Lauro Junkes, doutor em Teoria da Literatura e professor aposentado. Entre os 24 autores estão a potiguar Auta de Souza, Cruz e Sousa e Mário Pederneiras. Inquietos e descontentes com os limites da vida cotidiana, os simbolistas sacudiram a poesia brasileira ao repudiar a brutalidade do mundo.
"Pré-modernismo" - seleção de Alexei Bueno, pesquisador, ensaísta, editor e tradutor carioca. Entre os 14 autores destacados estão Augusto dos Anjos, Gilka Machado e Ribeiro Couto. O conceito literário é um dos mais vagos, trata-se, na verdade, de um estilo definido pela negação: ainda não é modernista, e já transcendeu o parnasianismo e o simbolismo.
"Modernismo" - seleção de Walnice Nogueira Galvão, professora Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, escritora. Entre os 17 autores destacados estão Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes. O Modernismo significou uma atualização dos padrões estéticos e uma abertura a todas as aventuras. Também influenciou as artes, a educação e a produção de pensamento sobre o Brasil. O ponto de ruptura foi marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922.
"Anos 30" - seleção de Ivan Junqueira, poeta, ensaísta e tradutor. Entre os 12 autores destacados estão Manoel de Barros, Cecília Meireles e os também modernistas Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes. A poesia produzida nos anos trinta caracteriza-se, acima de tudo, por uma distensão da linguagem e do ritmo, o que pode ser entendido como uma inevitável consequência histórica e literária do ideário transgressor de 1922.
"Anos 40" - seleção de Luciano Rosa, pesquisador de literatura brasileira do século 20, articulista e ensaísta. Entre os 34 autores estão João Cabral de Mello Neto, Mário Quintana e Américo Facó. Após a efervescência das décadas anteriores, a poesia dos anos 1940 corresponde a um período de reavaliação da poesia brasileira com disposição lírica, métrica e marcada pela restauração das técnicas tradicionais de composição.
"Anos 50" - seleção de André Seffrin, crítico e ensaísta gaúcho. Entre os 56 autores estão Hilda Hilst, Haroldo de Campos, Ferreira Gullar, Ariano Suassuna e os potiguares Zila Mamede e Sanderson Negreiros. Os anos 1950 representam o período mais fértil da poesia brasileira do século 20.
"Anos 60" - seleçãode Pedro Lyra, poeta, ensaísta e crítico, tem cerca de 20 títulos publicados. Entre os 40 autores destacados estão Affonso Romano de Sant´Anna, Ivan Junqueira e o potiguar Nei Leandro de Castro. Ambígua, a década de 1960 mergulhou no obscurantismo político mas motivou a produção de uma grandiosa obra de resistência e superação no campo cultural.
"Anos 70" - seleção de Affonso Henriques Neto, escritor e advogado. Entre os 45 autores destacados estão Chacal, Paulo Leminski, Waly Salomão e o potiguar Moacy Cirne. Os anos 1970 foi marcada pelo embate entre as ideias libertárias. Eclosão da chamada "poesia marginal".
"Anos 80" - seleção de Ricardo Vieira Lima, crítico literário, ensaísta, jornalista e poeta. Entre os 55 autores estão Alexei Bueno, Alice Ruiz, Arnaldo Antunes, Eucanaã Ferraz, Glauco Mattoso e Sylvio Back. Ao ritmo da abertura democrática, "lenta, segura e gradual", a poesia dos anos 1980 não estava mais tão interessada em combater a ditadura Militar, mas falar, com liberdade, sobre si mesmos, seu mundo e seus interesses.
"Anos 90" - seleção do poeta Paulo Ferraz. Entre os 44 autores destacados estão Antônio Cicero, Carlito Azevedo e Fabrício Carpinejar. A década de 1990 consolidou uma série de conceitos e valores que vinham alterando o debate cultural, a percepção da sociedade e as perspectivas em relação ao tempo e ao espaço.
"Geração 2000" - seleção de Mauro Lucchesi, professor universitário, poeta, ensaísta e tradutor carioca. Entre os 45 autores destacados estão Estrela Ruiz Leminsky, Igor Fagundes, Kátia Borges e Leonardo Martinelli. Os anos 2000 apresentam um duplo aspecto: a biodiversidade irredutível (em termos de autores, mídias e tendências) e o descentramento geográfico.
POTIGUARES NAS ANTOLOGIAS
SIMBOLISMO
"Vem beber, meu amor, neste rio que é fonte,/É fonte de esperanças e lago de quimera.../
Vem morar n'um país que não tem horizonte/Onde não chora o Inverno e só há Primavera".
(Auta de Souza, trecho do poema Página Azul)
ANOS 50
"Aos que amam, ficou dada/Esta terra. O chão de hortaliças,/Aves, mágoas e a claridade/Do silêncio. Aos que morreram,/Frutificam as árvores, no crepúsculo,/Fechadas em treva. Aos que ansiavam/Pela luz, fenece a manhã. Con-/Sagra-se a lenta aterrorização."
(Sanderson Negreiros, Gênero Espécie - Os lances Exatos)
"Três navios fugindo, três demônios/do mar fazendo suas montarias./ Ninguém dizendo adeus, todos chorando, eu querendo remar, mas eu ficando."
(Zila Mamede, Cais - Salinas)
ANOS 60
As tuas pernas estão abertas, porteiras abertas,/e assim poderias deter um rebanho de faunos/com suas flautas doces, suas armas em riste./Estás em silêncio. Eros gargalha./A ternura me envolve, me faz quase triste.
(Nei Leandro de Castro, Eu, Tu, Eros/inédito)
ANOS 70
"Teus horizontes/quero lamber teus incêndios teus crepúsculos teus/ delírios teus silêncios quero/ lamber teus gemidos/ teus morangos teus sonhos teus desejos/ teus mistérios quero/ lamber/tuas planícies tuas auroras tuas acácias/tuas alegrias/tuas luas/ tuas alegorias tuas palavras/ Eu quero"
(Moacy Cirne, Poema para a mulher amada, Balaio Incomum)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários serão avaliados antes de serem liberados