http://www.ecosdanoticia.com.br
Quem
entra na casa mais espiada do Brasil já sabe, as câmeras estão por toda
parte. E captam cada gesto, cada palavra. Mas é só atravessar as
paredes com olhos atentos para observar que lá fora nós somos os
brothers da vida real. Parece que nada escapa dos olhos eletrônicos.
A
maior cidade do país é também a mais monitorada, São Paulo tem um
milhão de câmeras espalhadas por todos os lados. Um paulistano que sai
de casa de manhã e volta no fim do dia é gravado em média 50 vezes. Nos
shoppings, nos metrôs, nos supermercados, nas farmácias, as câmeras
estão por toda parte.
Você já parou para pensar? Sua imagem pode estar sendo gravada neste exato momento. Em São Paulo ou qualquer lugar do mundo.
Na
Rússia, por exemplo, Marina, noiva de Alexandre, viu Alexandre, com uma
antiga namorada. O encontro, quem imaginaria, foi gravado por um
satélite. A cena acabou em um site de localização. E Justamente ela - a
noiva - precisou de um endereço: deu de cara com a prova da traição.

"Eu vi uma silhueta bem parecida e pensei: ‘será possível, este rapaz é tão parecido com o Alexandre’. Olhei mais de perto e vi que era ele mesmo", conta a noiva.
"Eu vi uma silhueta bem parecida e pensei: ‘será possível, este rapaz é tão parecido com o Alexandre’. Olhei mais de perto e vi que era ele mesmo", conta a noiva.
“As
câmeras espalhadas por aí significam que, com certeza, a mentira também
fica com a perna mais curta”, afirma Patrícia Peck Pinheiro,
especialista em direito digital.
Câmera
é testemunha e imagem é documento. Em uma rede de lavanderias as lentes
fiscalizam até a roupa e não perdem nenhum detalhe: “Inclusive se tiver
alguma mancha, algum furo, a marca da roupa, é tudo mostrado, tudo
gravado”, conta Sérgio Marques Gedor, gerente da lavanderia.
Na hora da entrega não tem bate-boca. Quem é que vai discutir com a imagem? A câmera é testemunha. Registrou, não tem discussão.
Para
cuidar da segurança, Sérgio instalou câmeras há muito tempo, mesmo
assim só no último ano sofreu sete assaltos. “Levaram computador, a CPU,
quebraram as câmeras e eu fiquei sem prova nenhuma do que tinha sido
gravado, inclusive das pessoas que tinham entrado no dia em que roubou”,
afirma.
Por
isso, há dois meses, Sérgio mudou o sistema, agora manda tudo para as
nuvens. “Cada uma que inventam. Mas se for bom para nossa segurança, que
inventem mais”, comenta.
Nuvem
é um lugar secreto. “É uma sala-cofre. São salas-cofre. Local seguro,
com controle de acesso, ninguém consegue ir fisicamente neste local”,
explica Heraldo de Paula Filho, engenheiro.
Agora
tudo que acontece na lavanderia é gravado em tempo real e vai direto
para lá, para as nuvens. Quando não está na loja, o gerente ainda tem a
chance de espiar à vontade.
“Em um tablet, ou em um celular. Dá para ser acessado normalmente em qualquer lugar que você estiver”, conta Heraldo.
Sérgio
é técnico em segurança do trabalho, mas sempre que tem uma folguinha
também está de olho. “Eu estou observando o patrimônio que é difícil a
gente estar constituindo”, diz Cunha, técnico de segurança do trabalho.
Neusa,
a mulher dele, trabalha na loja da família e levou um susto enorme no
fim do ano passado. Um homem entrou com uma arma na mão, rendeu Neusa e
um funcionário, logo depois chegaram outros três assaltantes.
“Eu
só rezava. Rezava para que, naquele momento, meu marido estivesse
olhando e estivesse fazendo alguma coisa por nós”, lembra Neusa Pereira
Cunha, lojista.
Por
coincidência, naquele exato momento, o marido da dona Neusa estava
monitorando a loja através das câmeras, na casa dele, a dez quilômetros
do local. “A adrenalina da gente realmente vai lá em cima”, comenta
Sérgio.
Sérgio
chamou a polícia e esta história só terminou bem porque ele costuma
vigiar as câmeras. “Para felicidade minha, quando eu cheguei lá, a
polícia já tinha concretizado toda a ação. Prenderam todos”, afirma
Sérgio.
Os
olhos da polícia de São Paulo são potentes. Enxergam longe. “Com
nitidez até 600 metros, mas ela tem alcance de quase 3 quilômetros”,
afirma o major Marcel Soffner, porta-voz da PM de São Paulo.
As câmeras captam detalhes por todos os lados.
“Ela
tem 360 graus. As câmeras foram instaladas estratégicamente em pontos
onde há uma incidência criminal”, garante Marcel Soffner.
Nos
pontos de São Paulo onde há câmeras, o número de crimes caiu 20%.
“Porque isso aqui é uma extensão dos olhos da polícia, é a prevenção, é o
trabalho em conjunto, tanto da tecnologia, com as viaturas que estão
lá”, afirma o porta-voz da PM.
Imagine
sequestradores e reféns em uma sala e a polícia do lado de fora
tentando entender o que está acontecendo. Pois a tecnologia das câmeras
permite que os policiais enxerguem situações como esta de um jeito que
ninguém poderia suspeitar.
Uma
câmera sorrateira: “Ela é mais fina que uma caneta, flexível, e ela
pode entrar em qualquer fresta”, revela o major Marcel. Enxerga o que
olhos humanos não conseguem alcançar.
“Um
buraco, um poço, uma criança cai em um poço, por exemplo. Os policiais
conseguem ter uma imagem absolutamente nítida. A gente pode fazer uma
análise do que está acontecendo e serve para uma tomada de uma decisão
importante”, conta Marcel.
Outra grande parceira da polícia é a câmera com tecnologia térmica.
“Pode
ser utilizada à noite. E a gente consegue identificar imagens por
diferença de temperatura. Também há a possibilidade de usar câmera
similar a essa em um helicóptero, para identificar pessoas fugitivas que
estão se escondendo embaixo de árvores, que a pessoa é quente, a árvore
é fria”, explica o major.
O
mercado de segurança no Brasil entrou no ritmo alucinante das novidades
tecnológicas. Muito mais do que observar, as câmeras são capazes de
analisar o comportamento humano. É o futuro que já chegou e está bem
diante dos nossos olhos.
“Você
consegue colocar inteligência na câmera para que ela faça exatamente
aquilo que for o necessário naquele local”, ressalta Oswaldo Oggiam,
diretor de marketing da ABESE.
Um
vídeo mostra um homem no estacionamento. Ele anda de um lado para o
outro por um longo tempo. A câmera percebe e dá o alerta: atitude
suspeita. As câmeras inteligentes detectam presença. Não falta nem
falar. Em um assalto simulado, o ladrão entra em uma relojoaria. De
repente, tem a surpresa: “Você invadiu esta área e foi fotografado e
filmado por esta câmera. Não adianta me destruir. O vídeo já foi enviado
para outro local”.
Ninguém
escapa das lentes, elas são capazes de reconhecer rostos, identificam
pessoas. Vigilância total, as câmeras estão no controle e em muitos
condomínios só autorizam a entrada quando reconhecem a placa.
Haja
inteligência para organizar o trânsito de uma cidade como o Rio de
Janeiro. São mais de dois milhões de carros pelas ruas da cidade. As
câmeras que dão alerta são mesmo uma mão na roda. Elas têm uma espécie
de cérebro.
“É
um sistema que consegue aprender. É um sistema que vai acumulando
experiência. Conforme o tempo passa, ele vai ficando cada vez mais
inteligente e mais acertados são os alarmes que ele emite”, revela
Claudia Secin, presidente da CET-RIO.
No
Túnel Rebouças o sistema já interpreta as imagens. Parou em lugar
proibido ou veio na contra mão? Se prepare porque as câmeras vão
dedurar. Além de uma seta vermelha, elas dão um aviso sonoro:
“Com
isso o olho humano pode descansar um pouquinho. O cérebro humano pode
se dedicar a tarefas mais importantes, onde seja exigido um poder de
decisão e tomada de providências. Isso o sistema não faz. Nós reduzimos o
tempo de atendimento em até 30%. Isso significa um socorro mais rápido e
menos impacto para o trânsito”, afirma Claudia.
Em
uma cena, dois carros param no meio do túnel. “O sistema já detectou a
parada do veículo dentro da galeria. Uma carro resolveu ajudar o carro
de trás que está com um problema mecânico”, explica um funcionário.
De repente, uma batida. “A pista molhada aumenta o risco de acidente”, completa o funcionário.
Até
excesso de fumaça é detectado pelo sistema. O operador pode até piscar,
mas as câmeras dão o alerta e não deixam ninguém dormir em serviço.
Mais
uma cena inusitada: um motoqueiro cruza a pista. Para. “Já aparece a
flechinha na tela, mostrando que tem alguma coisa errada. De repente
aparece um cachorro, o motoqueiro desceu para tentar pegar o cachorro no
meio do túnel. Criou um alvoroço”, comenta a repórter.
“Ele se arriscou bastante”, ressalta o funcionário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários serão avaliados antes de serem liberados