O goleiro titular do Brasil, Júlio César, brinca com a sorte da Seleção na Copa em torneio amador de soçaite

O goleiro titular do Brasil, Júlio César, brinca com a sorte da Seleção na Copa em torneio amador de soçaite. Na Sapucaí, Scolari diz que não tem nada com isso. Como é amador o futebol brasileiro…

"Ele é jogador de quem? Eu não tenho nada a ver com isso. O outro se comer um cachorro quente na esquina eu tenho que falar alguma coisa? O dia que eu achar que tenho que convocar, eu convoco.
E aí tem que cumprir com as obrigações da Seleção. O resto não é meu assunto."
Assim foi a reação de Luiz Felipe Scolari na Sapucaí.
Talvez alegre demais pelo desfile das campeãs do Rio...
Ou talvez querendo proteger o jogador.
Na verdade, Felipão, o Toronto e Queen Park Rangers foram traídos.
Júlio César, goleiro titular da Copa do Mundo, resolveu se divertir.
E foi jogar futebol soçaite com os filhos do seu empresário ontem.
Atuou na linha em um campeonato da Quarta Divisão em São Paulo.
Expôs sua integridade física contra amadores.
Não era apenas uma brincadeira.
Valia pontos no torneio.
Os dois times entraram para ganhar.
Uma dividida afobada, um pontapé desleal, uma torção...
Qualquer uma delas bastaria para ser motivo de grande lamentação.
É inaceitável que um jogador profissional tome esse tipo de atitude.
Júlio César sabe bem disso.
Ao perceber que havia jornalistas no local ele se irritou.
Os relatos dão conta que ficou nervoso, tirou a camisa.
Virou o rosto para não ser fotografado, pediu para não ser filmado.
Tinha a plena noção do que havia acabado de se expor.
Primeiro ele é um jogador profissional.
Toronto e QPR dividem seu salário altíssimo.
De acordo com a imprensa inglesa, recebe R$ 840 mil mensais.
Salário excepcional para um goleiro que fará 35 anos em setembro.
A liga norte-americana começa no próximo sábado.
O Toronto enfrenta o Seattle Sounders.
Depois, ele é o goleiro titular da Seleção.

Tem a responsabilidade de defender o gol do Brasil na busca do hexa.
Homem de total confiança de Felipão.
O treinador enfrenta a desconfiança da imprensa por ele.
Leva um goleiro que pertence a um time da Segunda Divisão inglesa.
E que está emprestado ao fraquíssimo futebol canadense.
Jamais ele poderia estar jogando um torneio amador de futebol soçaite.
Se expondo de maneira desnecessária.
Em todos os grandes clubes do mundo há essa restrição.
Por contrato os jogadores se comprometem a não jogar com amadores.
Nem mesmo peladas nas férias.
As partidas beneficentes são apenas toleradas.
Muitos dirigentes não gostam.
E pedem que seus caros atletas atuem pouco.
Antes desses confrontos há sempre uma conversa nos vestiários.
O pedido para os dois times evitarem divididas mais fortes.
Por isso o placar é sempre alto, com muitos gols de lado a lado.
O importante é o público, o dinheiro arrecadado.
Ao contrário do que aconteceu ontem.
Seu time Os Mostarda disputava o III Chuteira de Aço.
O adversário foi O Divino.
A partida foi para valer no Playball Pompéia.
Os Mostarda de Júlio César perdeu por 8 a 2.
O goleiro da Seleção jogou no meio, correu, marcou, driblou.
Lutou com a camisa 2.
Mas ele precisaria ter mais comprometimento.
Com sua carreira, com o QPR, com o Toronto, com a Seleção, com a Copa.
E principalmente com Luiz Felipe Scolari.
Deixou o treinador em uma situação constrangedora.
Por muito menos, o rígido técnico já afastou jogadores.
Na Sapucaí ele teve de ir contra sua natureza.
E dizer que tudo estava bem.
Mas não está.
Chega a ser extremamente desrespeitosa a atitude do goleiro.
Como se não fosse séria a preparação para a Copa do Mundo.
O Brasil é permissivo demais em várias áreas.
Também no futebol.
As estrelas costumam fazer o que querem.
Mas essa atitude de Júlio César não pode passar em branco.

Com todos virando o rosto para o outro lado.
A Copa começa daqui três meses.
É surreal, absurdo, o que o goleiro titular do Brasil fez.
"Eu ia embora esses dias, mas resolvi ficar.
Fiquei sabendo desse torneiozinho.
Tem tempo que não vejo o Gabe e a Carol, filhos do meu empresário.
Então, vim prestigiar.
Adiei meu vôo para outro dia.
Estou bastante feliz de compartilhar esse momento com eles."
Foi assim que Júlio César falou aos repórteres na quadra.
"Compartilhar o momento" foi escapar das divididas, dos pontapés do Divino.
Ingenuidade em jogador tão rodado, às portas de 35 anos não combina.
Júlio César pode se machucar em um treino, em um jogo do Toronto.
Torcer o tornozelo em uma calçada, escorregar no banheiro.
Mas não tem o direito de se expor em um torneio de soçaite.
Ele colocou em risco o plano do Brasil na Copa do Mundo.
O goleiro é o responsável por orientar a defesa durante os jogos.
A vivência faz com que cumpra as ordens de Felipão muito bem.
Fora as qualidades como goleiro que são indiscutíveis.
Apesar de estar longe do seu auge.
Por tudo isso o que ele fez foi inaceitável.
Os comandantes do QPR e do Toronto já devem estar sabendo do absurdo.
E ao contrário de Felipão podem punir o jogador.
O treinador da Seleção sabe que está de mãos amarradas.
Não vai provocar uma crise afastando Júlio César da Copa.
Ele e Parreira o consideram o goleiro ideal para o Mundial.
A situação não pode ser vista como uma mera brincadeira.
É algo bem sério.
Se ele tivesse se machucado, hoje ninguém estaria rindo.
Nem comparando o seu gesto a 'comer cachorro quente na esquina'.
O jogador deveria ter mais consideração com Felipão.
Foi ele quem o resgatou para valer depois do vexame na Copa da África.
Uma falha sua contra a Holanda foi fundamental para tirar o Brasil do Mundial.
O futebol brasileiro, penta campeão do mundo, não se leva a sério.
Faz questão de demonstrar o quanto é amador.
Quem sabe Neymar não pode estar na próxima rodada do torneio de soçaite?
E vestir a camisa 10 de Os Mostarda?
Se o time precisar pode ainda chamar Oscar, Thiago Silva, Marcelo...