segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A água ferve

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Por *Cláudia Santa Rosa
Clara e Lucas sabem que não são os senhores dos seus tempos e que é impossível ficarem juntos as 24 horas do dia e os sete dias da semana. Porém, já não resistem a intervalos longos entre um encontro e outro. A cada dia se sentem mais cúmplices,
mais um do outro. Desejam, perdidamente, ouvir a voz que acalma, fitar os olhos que conseguem contemplar a beleza que é a felicidade, sentir o cheiro que embriaga, o abraço que sossega, o toque ritmado das mãos deliciosamente pecadoras, a frequência dos batimentos do coração, a respiração ofegante, as sensações gostosas que são permitidas pelos lábios que se encontram, ainda que tudo dure algumas horas ou poucos minutos que se fazem eternos.
O dia amanhece, depois de uma noite de pouco sono para Clara. Ela viu-se, por horas, perdida em seus pensamentos, revivendo cenas construídas com Lucas e tantas outras que deseja viver. Dormir é como se estivesse a perder um tempo precioso que ela necessita dedicar ao seu amor. De tanta saudade, Clara é movida pela espera do próximo encontro.
Lucas faz contato:
- Bom dia, mulher que me faz feliz!
- Até às 10h30, no máximo, quero estar em seus braços.
Clara responde:
-Bom dia, meu amor pra vida toda!
- Oba! Combinado!
Dali em diante, os segundos viram horas, os minutos viram dias e as horas parecem acumular o tempo de meses. Tudo tão longínquo! É sempre demorado demais o tempo de espera para os amantes.
De todo modo, aquele bom dia, finalmente, é a senha para Clara acordar, se sentir viva. Levanta-se pronta para ser feliz. Busca a sua imagem refletida no espelho e se descobre a mulher mais bela do mundo, uma beleza que vem de dentro. A beleza de quem comete, sem receios, as maiores loucuras para provar a intensidade da vida.
Como faz todas as manhãs, Clara ouve música enquanto se prepara para sair. O banho envolve um ritual do qual ela não abre mão. Cremes e cremes, óleos, sabonetes cheirosinhos, shampoos, espuma, muita espuma, loção, hidratante e, ao final, um tiquinho de perfume. Ali começa o encontro com Lucas, o seu amor mais do que cheiroso, incrivelmente vaidoso.
Clara escolhe a roupa que a deixa mais feminina possível. Sem muitos esforços, repete o seu estilo. Não segue tendências de moda. Veste-se! Vai ao encontro do seu amor. Ele a recebe com o sorriso safado de sempre. Lindo! Ali mesmo, no carro, começam as trocas de afetos, irresistivelmente, únicas.
Chegam ao destino. Disposto a sempre surpreender a sua Clara, Lucas decide que o primeiro banho do dia, apesar de todo ritual, não fora suficiente. Na verdade o ritual teria sido incompleto. Ali eram um só, únicos, apaixonados. Juntos, naquele mergulho, abraçadinhos, faziam a água borbulhar, ferver a 100 graus Celsius. O mundo era somente deles. O amor existe!
*Professora, especialista em Psicopedagogia, Mestre e Doutora em Educação.
(educadora@claudiasantarosa.com)

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