Só dilúvio livra RN da seca braba

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Por causa dos três anos consecutivos sem chuvas no Rio Grande do Norte, 56 dos 70 reservatórios monitorados pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (Semarh) estão com volumes abaixo de 50% de sua capacidade total. Para recuperar a água perdida em mais de mil dias de estiagem seriam necessárias chuvas de pelo
menos 120 milímetros entre 10 e 15 dias. A estimativa é da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn).

Segundo o metereologista Gilmar Bristot, as condições atuais de fenômenos que atuam no Rio Grande do Norte, como ventos fracos em novembro e nestes primeiros dias deste mês, apontam para chuvas na pré-estação, que vai de dezembro a fevereiro. Quadro semelhante, disse Gilmar Bristot, aconteceu em 2004 quando houve chuvas acima do normal depois de um período de estiagem. Mesmo assim, explicou, qualquer prognóstico agora seria precipitado porque não há modelo metereológico eficiente para confirmar se vai chover ou não em 2015. A Emparn faz análises semanais do tempo por ser mais confiável para sistemas climáticos de alta freqüência e baixa previsibilidade.

Gilmar Bristot disse que a Emparn aguarda a realização da reunião do grupo de metereologistas do Nordeste, dia 18 próximo, em Campina Grande (PB) para divulgação de vai chover ou não nesta pré-estação. A reunião em Fortaleza, marcada para o final de novembro, foi cancelada.Os dados de institutos nacionais que apontam chuvas fracas para o ano que vem não são confiáveis do ponto de vista técnico, disse Gilmar Bristot. Esses institutos, explicou, utilizam o sistema de modelagem para previsão, o que não é adequado para a região Nordeste que onde atuam sistemas de alta frequência e baixa previsibilidade impossibilitando a divulgação de um prognóstico de chuvas para 2015.

Mas nesta pré-estação (dezembro, janeiro e fevereiro) os sistemas apontam chuvas e os agricultores do Estado já estão avisados e podem se preparar para o plantio. A estação chuvosa no Rio Grande do Norte como demais estados do Nordeste vai de fevereiro a maio. A seca de três anos provocou o colapso no abastecimento de seis municípios do Estado. Por causa da falta de chuvas, a Caern começou este mês o racionamento no fornecimento de água no município de Caicó, na região do Seridó, onde Currais Novos e Acari já enfrentam o racionamento.

“Mesmo diante de tantos problemas, o Governo não mede esforços de tentar, às custas de esforço e dedicação do seu corpo técnico, minimizar a situação”, ressaltou o gerente de Operações, Controle e Perdas da Caern, Isaías Costa Filho.O gerente de Operações disse que o sistema de abastecimento no Alto Oeste é composto por dois subsistemas: a barragem de Pau dos Ferros e a barragem de Santa Cruz, em Apodi. A barragem de Santa Cruz está hoje com 43% de sua capacidade total de 599,7 milhões de metros cúbicos e distribuía água até o município de Itaú.

Para resolver o problema de abastecimento de Pau dos Ferros, considerado o principal município do Alto Oeste, a Caern construiu a adutora de engate rápido. Esse sistema adutor leva água já tratada há seis meses por uma tubulação de 40km da barragem de Santa Cruz à zona urbana de Pau dos Ferros que não depende mais, neste momento, do açude que está praticamente seco. Adutora de engate rápido (expresso) também leva água até o município de Rafael Fernandes, que era abastecido pelo açude de Pau dos Ferros.

Seis municípios da região que tinham seus sistemas próprios de abastecimento entraram em colapso por causa da estiagem. Antônio Martins, Luiz Gomes, João Dias, Pilões, Tenente Ananias e São Francisco do Oeste estão sendo abastecidos por carros-pipa em ações emergenciais da Defesa Civil estadual, prefeituras e Exército, responsável pelo fornecimento dos caminhões. (Novo Jornal)