sábado, 30 de maio de 2015

Sem polo exportador e turístico em São Gonçalo, "hub" da TAM no RN será eterno sonho de verão

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Por *Ney Lopes
Faz pena ler a manchete deste sábado, 30, da “Tribuna Norte”, ao informar que um ano após o funcionamento do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, não tenha sido, ainda, exportado um “só melão” da produção potiguar, pela via aérea.
O nosso melão é escoado pelo aeroporto de Petrolina, ou navio, tudo por falta de estrutura local.
Quanta falta de visão do mercado global e iniciativa política.
Onde estão os estudos elaborados pelos governos federal, estadual, municipal e entidades de classe para disponibilizarem logística de exportação das nossas frutas, via o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o local ideal para implantação de um polo exportador e turístico (área de livre comércio)?
Tradicionalmente, o melão é a fruta mais exportada pelo país.
O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, atrás somente da China e da Índia.
O Ceará, nas nossas “barbas”, pouco a pouco assume a posição de polo exportador e turístico das Américas, quando não dispõe da proximidade geográfica com a Europa e África que o RN tem.
O Ceará lidera as exportações de melão, banana (exporta até para Rússia) e abacaxi.
Uma só empresa cearense domina 100% das exportações de abacaxi do Brasil e está investindo na produção de cacau.
Nada contra o Ceará.
Ao contrário, aplausos!
Entretanto, por que dá certo no Ceará e não dá certo no RN?
Alguma coisa está errada.
Realmente, o RN não tem porto.
Entretanto, temos o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, com estrutura para aterrissagem de aviões Air Bus 380, com quase o triplo da capacidade de carga dos aviões atuais, o que reduz substancialmente o valor do frete aéreo.
Depois de mais de um ano de inaugurado, onde estão as providencias para esses potentes aviões pousarem em São Gonçalo do Amarante, dispondo de logística para transporte aéreo de frutas tropicais?
O transporte aéreo no mundo atual é o único que proporciona rapidez na entrega (on time), vence grandes distâncias e faz com que produtos “perecíveis” cheguem ao cliente com rapidez.
Frutas, legumes flores são alguns exemplos de produtos agroindustriais perecíveis exportados via aérea.
Para exportar melão via aérea, é necessário embalar e paletizar o produto, em ambiente com refrigeração adequada, despachar até o aeroporto através do transporte rodoviário, onde o produto é colocado em câmaras frigorificas adequadas suficientes para o transporte temporário.
O transporte aéreo assegura a qualidade das frutas e permite competitividade.
No caso do melão, entre os países importadores de maior volume estão Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Canadá e Alemanha.
Um fato concreto justifica a exportação via aérea do nosso melão.
O mamão-formosa passou a ser exportado via aérea, ou seja, a fruta passou a ser colhida madura e a chegar rapidamente à Europa, com um sabor autêntico”.
Chama-se exportação “on time”.
Esse sabor mais doce da variedade do mamão deixou o europeu surpreso e, por isso, a demanda pela fruta cresceu, de forma vertiginosa.
O mundo exportador é assim.
Por que o RN não fazer o mesmo, transformando o aeroporto de São Gonçalo do Amarante em polo exportador e turístico de produtos variados, enquanto é tempo e o Ceará não “passa definitivamente” à nossa frente?
Considere-se que o Brasil produz frutas o ano todo.
Quando estamos no auge da produção, começa o inverno no Hemisfério Norte e, em alguns países, a produção chega perto de zero.
No inverno, por exemplo, somente o Brasil tem como vender limões à Rússia.
O outro fornecedor, o México, não produz por causa do clima.
Nenhum consumidor externo deixa de consumir frutas, só porque atravessa o período de inverno.
Ainda é tempo do RN acreditar no seu futuro e não se apegar aos interesses mesquinhos de grupos de “lobistas”, que temem a competição verdadeira e só pensam em negócios que possam trazer benefícios próprios e imediatos.
Um polo exportador não “teria dono” ou “proprietário”.
É um instrumento impessoal de empreendedorismo na economia, que no mundo todo gerou grande quantidade de empregos, incrementou astronomicamente as vendas do comércio, ampliou mercado para serviços e aumentou as arrecadações de impostos, sobretudo municipais, pelo crescimento da renda e do consumo.
Os competentes e capazes se instalam nesse polo e passam a produzir para exportar e até destinar uma parte para consumo interno.
Haveria preocupação de uma legislação que proteja a indústria nativa, para não colocá-la, do dia para noite, frente a dura competição internacional.
O estímulo ao “joint venturis” (associações entre empresas”) protegeria e abriria novos horizontes para o industrial potiguar.
É hora hora do RN aproveitar economicamente o potencial do aeroporto Aluízio Alves, de São Gonçalo do Amarante!
Se esse diferencial não for concretizado, o falado “hub” da TAM jamais passará de “um sonho de noite de verão”.
O aeroporto de São Gonçalo do Amarante é o ponto geográfico mais avançado do Atlântico Sul e poderá ser o “alavancador” das exportações “on time” de melão e outras frutas na América Latina, além de produtos variados.
Uma questão apenas de visão de futuro e vontade política. 
*Advogado

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