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Com oito anos de carreira como técnico, mas com a bagagem de quem já conquistou dois acessos consecutivos pela Chapecoense, Gilmar Dal Pozzo chega no ABC, após passar seis meses se reciclando e garante estar animado para buscar a realização de um grande trabalho no clube potiguar. Ele disse que pretende unir a habilidade do jogador nordestino com a disciplina tática dos gaúchos e acrescentar isso a chama da torcida, que joga junto com o time, para fazer o alvinegro voltar a ser temido pelos adversários no Frasqueirão. Nem o fato de saber que a média de “vida” útil de um treinador no clube na atual temporada gira em torno de dez partidas, tirou a confiança desse gaúcho de Veranópolis, que pretende conquistar um período de longevidade na equipe e presentear os abecedistas com algo para comemorar no ano do centenário.
Júnior Santos
O novo treinador garante que chega animado para iniciar o trabalho no ABC
Com que espírito você chega ao ABC?
Eu gostaria de frisar que antes de vir fiquei parado seis meses, por que entendi que
deveria me atualizar. Fiz estágios e cursos e chego muito motivado, o desafio é de fazer um grande trabalho para buscar os nossos objetivos e garanto estar extremamente motivado. Estou com o nível de confiança muito alto pelo fato de a vontade de trabalhar também ser grande e isso deve fazer com que os resultados surjam dentro de campo, como merecimento.
Quem é Gilmar Dal Pozzo?
Eu hoje sou um técnico de futebol, atuei por 20 anos como goleiro, joguei no Santa Cruz do Recife em 2006, mas minha história como atleta foi no Caxias, onde passei sete anos, com passagem pelo Criciúma e também pelo futebol português. A minha transição de jogador para técnico ocorreu em 2007 no Veranópolis, na cidade onde eu me criei no Rio Grande do Sul. Trabalhei quatro anos neste clube, meus trabalhos são a médio e longo prazos, fiz um trabalho também no Pelotas no ano do centenário onde ganhei um título e logo após fui para Chapecoense, onde passei dois anos e consegui dois acessos consecutivos tirando a equipe da série C e colocando na série A. Depois passei três meses no Criciúma, após iniciar o trabalho na série A pela Chapecoense e depois disso resolvi dar uma parada para me reciclar.
Que forma você se define como treinador, em termos de estilo?
Sou um profissional ao extremo, gosto que minhas equipes joguem com muita qualidade, extraindo essa qualidade dos atletas. Eu gosto de jogo com intensidade, vejo que para um time conquistar o sucesso tem de possuir um ponto de equilíbrio, competitividade, qualidade e agregando isso com outros fatores fora do campo como a disciplina e envolvimento de vestiário. Também não podemos deixar de aproveitar essa chama apresentada pela torcida do ABC, temos de incorporar esse espírito, destaco que as vezes que vim enfrentar o ABC aqui sempre foram jogos muito difíceis.
Júnior Santos
Apesar de achar o grupo qualificado, Gilmar Dal Pozzo quer reforços
Que avaliação você pode fazer desse elenco abecedista?
No momento é um elenco qualificado, porém necessita de uma quantidade maior de atletas. A diretoria já tem essa consciência, isso foi me passado durante o período de negociação, eu venho acompanhando tudo que se passa aqui desde de domingo, quando fechamos o acordo e a partir de agora vou começar a tratar dessa formação de elenco. Por enquanto, eu não posso realizar qualquer tipo de avaliação que acarrete em dispensas, pelo fato de estar chegando agora. Então toda decisão neste sentido será chancelada pela direção e o departamento de futebol. Mas depois de iniciado o trabalho ela terá a minha participação, assim como a contratação de novos reforços.
Você já conhece o grupo com o qual está iniciando um trabalho?
Vinha acompanhando toda série B do Brasileiro e a partir do momento em que o Rodrigo Pastana assumiu a função aqui no clube de executivo de futebol, devido a nossa amizade, eu comecei a acompanhar as contratações. Até mesmo as que foram realizadas para o Estadual. Também acompanhei os últimos jogos da equipe, inclusive da Copa do Brasil. Alguns desses atletas já trabalharam comigo.
Você disse que gosta de realizar trabalho de médio e longo prazos, mas na cultura do futebol isso é difícil acontecer. Existe algum segredo para se conquistar a longevidade num clube?
É pensar jogo a jogo. Eu sei desse conceito em nosso futebol e penso que aos poucos nós temos de tentar modificar essa cultura no Brasil. Eu não perco as minhas convicções, mas também tenho a consciência de que se o trabalho não for vencedor e conquistar o resultado, não há muito o que se fazer. Então, por isso, eu prefiro ter a estratégia de pensar jogo a jogo, com concentração e procurando fazer sempre o nosso melhor.
Para conquistar o acesso, o que esse ABC precisa ter, qual foi o mistério da Chapecoense que conseguiu dois acessos seguidos e que você deseja implantar aqui?
A característica da série B é mais competitiva, a série A é mais técnica, mais jogada, então o ABC tem de ser competitivo. Nós temos de enfrentar o jogo de acordo com que ele se apresenta, então vamos ter de competir. Eu pretendo trazer o estilo que se destaca no futebol gaúcho, da cultura de ser competitivo que é do próprio povo gaúcho, e pegar as coisas boas aqui do Nordeste que são os jogadores de qualidade, com características de realizar jogadas individuais e unir ambos na minha equipe. Nós não podemos ser apenas competitivos ou querer jogar apenas quando estivermos com a posse de bola, temos de ser um time por completo e entender que a série B é disputada em alta intensidade e que temos de atuar sempre em alto nível para conquistar os resultados desejados.
O que você define por competitividade?
Obediência tática, marcação forte, marcação pressão, marcação baixa. Quando o adversário estiver de posse de bola o ABC terá de apresentar essa competitividade, ser forte na marcação para retomar a posse de bola. Feito isso, aí é a vez de entrar a qualidade individual coletiva da nossa equipe.
O ABC tem um atacante centralizado e dois que jogam pelos lados, você espera contar com outro homem que jogue mais fixo na área adversária?
Neste momento nós temos algumas prioridades e uma delas e trazer mais esse atacante de área, até pela maneira, o sistema tático e a característica desse grupo que o ABC possui atualmente. Precisamos de uma referência, aquele atleta que jogue de área a área, essa é a nossa preferência e depois podermos buscar mais um atleta de movimentação para o setor ofensivo.
Júnior Santos
Gilmar Dal Pozzo quer dar confiança aos atletas
Esse grupo você considera qualificado para disputar a série B?
Ele é qualificado, mas muito enxuto. Nós temos de agregar mais qualidade e quantidade, o campeonato é longo, são 35 rodadas, mais viagens e vamos necessitar de um grupo bastante qualificado.
A média de vida de um treinador no ABC na temporada de 2015 é de dez jogos. O que um treinador que faz trabalho de médio e longo prazos imagina ao chegar num clube desse?
Sinceramente depois que assumo a posição no clube não fico pensando, se fizer isso é capaz de eu ficar louco. Não pretendo entrar nessa estatística que é baixíssima, eu pretendo quebrar essa barreira. Quando cheguei na Chapecoense também exista uma estatística semelhante e acabei ficando lá por dois anos. No Veranópolis eu passei quatro. Então isso vai depender muito da minha capacidade e da sustentação da diretoria de avaliar a minha qualidade de trabalho.
Você chega num momento que não está muito bom para o ABC em termos de resultados, como você pretende trabalhar o grupo que aí está para obter uma melhora?
Nós vamos fazer uma programação com forte trabalho de campo e buscar sempre nos apegar aos fatores positivos desse grupo. Nos jogos dentro de casa, onde a conquista de bons resultados é uma necessidade, vamos buscar trabalhar o fator psicológico dos atletas. Como a gente vai fazer isso? Exercitando os fundamentos dentro de campo, repetição de exercícios, dar confiança para os atletas para que possam desempenhar o seu futebol. Nossa missão é resgatar a forma como o ABC costuma se comportar quando atua em casa, eu sei o quanto é complicado enfrentar essa equipe no Frasqueirão. Pretendo tirar proveito dessa torcida que joga com o time, mas com qualidade e lucidez.
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