terça-feira, 7 de julho de 2015

O maior carnaval do Rio Grande do Norte

Como se sabe, os imperadores romanos utilizavam do “panem et circenses” com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio, funciona, e funciona bem. Os três imperadores de Guamaré provam que esta estratégia é eficaz e que o povo só precisa de “H” para viver. Não questiono o excelentíssimo prefeito Hélio, nem o
deputado Hermano e muito menos o governamental Henrique
não por acaso, todos com a inicial H, e sua corja oligárquica que são os Alves, pois nós, guamareenses, estamos costumados com o maior carnaval do RN, e não nos importamos com a atual atração do mesmo, que seja a era H, ou a onda azul, não importa, o que importa é ter festa!
        O jornal noticia: “GUAMARÉ RECEBEU 70 MIL FOLIÕES POR DIA DURANTE CARNAVAL”. Noticia tem quer ser desse jeito, em caixa alta mesmo, para chamar a atenção e mostrar que o carnaval de Guamaré merece destaque! Um carnaval que move multidões, que virou tradição, traz consigo remédios instantâneos de esquecimento e alegria. Porém, o triste é que 70 mil foliões partem e 12 mil habitantes ficam.
        Os 70 mil foliões não convivem com falta de água, saneamento, de educação e segurança. Os 70 mil foliões não convivem com usinas eólicas denegrindo o manguezal da sua cidade, com um hospital que só funciona para receitar dipirona ou paracetamol. Assim, o carnaval de Guamaré não começa e termina em fevereiro, começa bem antes, basicamente de 4 e 4 anos e possui 12 mil foliões, envolvendo, em média, 64,8 milhões em royalties por ano. São números envolvidos, mas carnaval é assim mesmo, todo mundo se envolve!
        Como afirma Aldemir Freire, chefe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no Rio grande do Norte (IBGE/RN), “o CASO DE Guamaré é clássico. É a maldição da abundância de recursos nos municípios. Parece uma sina. Os gestores não se preocupam com uma qualificada destinação dos royalties para as áreas da Educação, Saúde e Infraestrutura”. Aldemir pode até ter razão, em sua afirmação, não o culpo, na verdade até o entendo por não ver motivos em gastar 13 milhões de reais em uma festa na mesma cidade em que o Ginásio Poliesportivo está se sustentando por madeiras, em que os rios Aratuá e Miassaba servem de fossa e impossibilitam o sustento de vários pescadores da região.
        As águas de maré expressão que deu origem ao nome Guamaré, estão sujas, não só pelo fato dos gestores declararem uma suposta seca e logo após quererem “investir” 13 milhões de reais num festa em que mais uma vez o pão e circo entraria em ação; mas não há problema, está tendo carnaval e o reto passa, na verdade tudo passa menos os ônibus que deveriam levar os estudantes para a escola!
        Milton Santos um vez disse: “O mundo é dividido entre dois grupos, os que não comem e os que não dormem com medo da revolta dos que não comem.” A população de Guamaré está com fome, mas ela não quer só comida, ela quer comida, educação e segurança, e, do mesmo modo, os gestores não dormem devido a insônia provocada pela afirmação do procurador geral do Tribunal de Constas, Luciano Ramos: “Numa situação de calamidade como esta, não há muito que comemorar. Os gestores não devem fazer gastos desarrazoados com festas”.

        Da mesma maneira que anunciam o sucesso do carnaval de Guamaré, o blog de notícias locais noticiou: “O Prefeito Hélio anunciou que este ano não haverá carnaval em Guamaré.” A festa do povo guamareense acabou, mais ainda assim, lamentavelmente, a era H promove o maior carnaval administrativo do Rio Grande do Norte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão avaliados antes de serem liberados

PRF apreende anfetamina com caminhoneiro em João Câmara

A Polícia Rodoviária Federal abordou, na última sexta-feira 17, em João Câmara, um motorista de caminhão e apreendeu uma cartela com 12 com...