O Jornal de Hoje, 25 de setembro de 1999
A HISTÓRIA DE 'PEGUE O BECO'
A HISTÓRIA DE 'PEGUE O BECO'
AUTOR: SEVERINO
GERALDO (Pitoroco)
"Pegue o beco". Êta gíria que ficou
conhecida em nosso estado, ao ponto de ultrapassar o espaço regional e ficar
conhecida em todo território brasileiro. Severino Geraldo, largo e baixo, como
um botijão de gás, é conhecido como Pitoroco devido ao seu tamanho. Sempre foi
conversador, desconfiado, esperto e de um
grande ciclo de amizade. A qual eu me
incluo.
Severino é um
pequeno agricultor, com terras em Riacho do Meio, que foi expulso do campo
através do êxodo rural, com o fim da cultura algodoeira, no início da década de
80.
Por isso, nessa
época, dona Severina botou uma barraca de guloseimas na feira livre, aos
sábados. Já Severino Pitoroco colocou um boteco para vender caçhaça e sustentar
sua família. Imagine que o boteco era na sua casa, mesmo assim os pingunços
faziam a festa. A 'meiota' era certa e lotava o local na hora do almoço e na
hora da janta.
Próximo ao local do
'bar' existe um beco conhecido como travessa "Agostinho Pereira".
Então, a história verídica de 'pegue o beco' aconteceu mais ou menos assim: o
pedreiro Moabe Alves Bezerra tomava uma caeba insuportável, era tipo pingunço
chato.
No dia, ele já
chegou 'escamado' com uma equipe titular para tomar umas biritas no boteco de
Pitoroco. Depois de uma 'meiota', o pedreiro esquentou a orelha e começou a
perturbar o ambiente familiar, por isso, foi expulso com a cambada. O detalhe é
que no dia seguinte Moabe se aproxima para tomar a 'meiota' do almoço. De
imediato, Pitoroco retrucou: " Moabe, pegue o beco. E não apareça mais
aqui com sua inhaca".
Com isso, no outro
dia, em Pedro Avelino, em qualquer situação vexatória, vinha logo alguém
dizendo: 'pegue o beco'. Essa expressão ocorreu no ano de 1982,em setembro,
antes das eleições, e imediatamente ultrapassou os limites dos municípios
vizinhos , chegando a Natal e, posteriormente, ao Nordeste e ao Brasil inteiro.
Brincando com
Severino Geraldo, em 1982 vários colegas sugeriram que registrasse a expressão
no cartório local, como se fosse patentear esse ditado popular, que se tornou
nacionalmente conhecido. Detalhe: Pitoroco era um agricultor semianalfabeto que
o êxodo rural o expulsou para a cidade. Jamais saberia o que é patentear.
Há vários anos que
Pitoroco não tem mais o boteco.
O Jornal de Hoje,
25 de setembro de 1999.
Artigo:Marcos
Calaça, jornalista (UFRN).
Nota: Severino
Geraldo faleceu em fevereiro de 2010. Severino e Severina formaram um lindo
casal e sustentaram sua família dignamente.
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