terça-feira, 31 de julho de 2018

Rural Pecuária: Raça Nelore ( 4 )

Raça Nelore
 Nelore

ASPECTO GERAL

A raça Nelore, correspondente ao ongole da Índia , predomina atualmente no cenário pecuário brasileiro. Por estimativas não ortodoxas pode-se inferir que a raça Nelore represente 80% da força produtiva da indústria da carne no país. Aliás as características da raça como produtora de carne vêm apresentando índices de desempenho econômicos notáveis. Seguramente, mesmo naqueles nichos de mercado em que os cruzamentos têm apresentado bom crescimento, a raça Nelore tem papel fundamental, e se
constitui, por excelência , em grande e inestimável patrimônio genético para a bovinocultura.

Entretanto, a predominância da raça Nelore nem sempre foi um fato na história dos zebuínos no Brasil. Na verdade, dentre as raças indianas aqui introduzidas, a Nelore foi a última a despertar grandes interesses de criadores brasileiros. 
B Esse fato se explica, em parte, de uma forma até pitoresca: as demais raças indianas aqui introduzidas apresentam, entre outras particularidades, orelhas médias a longas, bem ao contrário da Nelore. Por ocasião das primeiras importações esse era um aspecto morfológico fácil de ser verificado, e o mercado logo passou a reconhecer como de sangue indiano aqueles animais de orelhas pendentes ou semi- pendentes, diferentes dos taurinos. 

Isso explica também a áurea fase da raça Indubrasil, formada no país na década de 40, e que tem como marca notável, longas e pendentes orelhas. É claro que todos esses aspectos, somados a ausência de um serviço de registro genealógico oficial e organizado levou, por algum tempo, a raça Nelore a ser preterida em relação às demais.


Para a raça Nelore, especificamente, as importações de 1930 e especialmente, as de 1960 e 1962, foram decisivas para o início de seu espantoso crescimento no país. A década de 60 coincide, no Brasil, com a retomada do crescimento de nossa fronteira oeste, formada por grandes extensões de cerrados, viabilizados agora pela introdução das brachiárias.

A consolidação desse novo cenário cerrados-brachiárias formou o ambiente adequado para que a raça Nelore prosperasse. O seu comportamento de gado andejo, de alto instinto de defesa própria e de defesa da cria, parindo regular e naturalmente bezerros medianos, saudáveis e que se locomovem imediatamente após o parto junto com o rebanho, determinaram o crescimento da raça de forma natural e em uma escala geométrica, até atingir os índices atuais que hoje ela apresenta.

LINHAGENS REPRESENTATIVAS NO BRASIL

Estudo conduzido por Magnabosco et all (1997) mostra a existência de seis linhagens predominantes na população Nelore atual, nas condições daquele estudo.

Os autores trabalharam com 50.045 animais nascidos entre 1980 e 1994, provenientes de 31 rebanhos introdutores de material genético da Índia, possuindo, dessa forma, animai importados como base de sua formação. Os seis genearcas apontados como grandes formadores do plantel atual da raça são: Karvadi Imp. (RGD 3987); Taj Mahal Imp (RGD 2822); Kurupathy Imp (RGD 2774); Golias Imp (RGD 3981); Godhavari Imp (RGD 2687); Rastã Imp (RGD 3984).

Considerando o relativamente pequeno número de animais zebuínos importados (cerca de 7 mil exemplares) e a confluência para um número mais reduzido ainda de ancestrais da raça Nelore, justifica-se o estudo da introdução de novo material genético indiano no país.

PADRÃO DA RAÇA NELORE NO BRASIL

A raça nelore se caracteriza, de forma geral, por animais de porte médio a grande, de pelagem branca, cinza e manchada de cinza.

Ocorrem ainda, em uma escala bem menor, outras pelagens, diferentes daquelas denominadas "ideais", que são permitidas no padrão da raça. São elas: vermelha, amarela, preta e suas combinações com o branco, formando as pelagens malhadas ou pintadas de vermelho, amarelo ou preto. A pele é preta, rica em melanina, fator que funciona como protetor contra raios solares, de extrema importância para as regiões tropicais e intertropicais. A cabeça é bastante típica, em forma de ataúde quando vista de frente; e, lateralmente, apresenta perfil sub-convexo, principalmente nos machos. Os olhos são elípticos, pretos e vivos. As orelhas são curtas, simétricas entre os bordos superior e inferior, terminando em forma de lança.

A face interna das orelhas são voltadas para a frente e apresentam movimentação viva. Os chifres são de cor escura, firmemente implantados no crânio, cônicos e mais grossos na base, de seção oval. Nascem para cima, acompanhando o perfil da cabeça, assemelhando-se a dois paus fincados. Com o crescimento podem dirigir-se para fora, para trás e para cima, ou, curvando-se, às vezes, para trás e para baixo. São permitidos chifres móveis, rajados de brancos, assimétricos ou com pontas ligeiramente curvadas para frente. Nas fêmeas podem se apresentar em forma de lira estreita e alongada, não convergentes nas pontas.

 A ausência de chifres é permitida, constituindo-se na variação mocha da raça, cujo registro genealógico remonta ao ano de 1961. Nos animais mochos são permitidas a ocorrência de calo ou batoque; respectivamente, um sinal com espessamento da pele, sem pelos e sem protuberância córnea e, um rudimento de chifre. Ambos são observados na região onde naturalmente estariam inseridos os chifres.

Os machos apresentam musculatura compacta e bem desenvolvida, com barbela solta pregueada, umbigo curto, bainha e prepúcio leves. As fêmeas apresentam musculatura menos desenvolvida, assim como a barbela. O úbere é pequeno, apresentando tetas de tamanho médio e muito funcional. O cupim ou giba é bem implantado sobre a cernelha, desenvolvido, em forma de rim ou castanha de caju, apoiando-se sobre o dorso nos machos. Nas fêmeas é menos desenvolvido e menos caracterizado quanto à forma e apoio.

As vacas adultas medem em média 165cm de comprimento e 155cm de altura de posterior, com pesos que chegam a 800 kg. Os touros, com 177cm de comprimento, 170cm de altura de posterior, 230cm de perímetro torácico e 38 cm de circunferência escrotal, ultrapassam com facilidade 1.000 kg.
Fonte: ABCZ

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