
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o juiz Sergio Moro de ser
amigo do doleiro Alberto Youssef durante interrogatório, nesta quarta-feira
(14), no processo da Operação Lava Jato sobre reformas feitas por empreiteiras
em um sítio de Atibaia (SP) usado pelo petista. A declaração motivou uma
repreensão da juíza Gabriela Hardt, que conduziu a audiência.
Lula
fez a acusação quando respondia uma pergunta feita por seu advogado, Cristiano
Zanin Martins, sobre como
eram feitas as indicações para a diretoria da
Petrobras. Neste processo, entre outras acusações, o MPF (Ministério Público
Federal) afirma que o ex-presidente comandou um esquema criminoso na estatal,
envolvendo a nomeação de diretores que teriam aceitado propinas de empreiteiras
em troca de benefícios em contratos.
O
ex-presidente começou respondendo que a nomeação levava em conta uma análise da
idoneidade dos indicados feita pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional),
órgão vinculado à Presidência da República. No fim da declaração, o petista faz
a afirmação vinculando Moro a Youssef.
“Eu
não sei por que cargas d’água, no caso Petrobras, houve essa questão de jogar
suspeita sobre indicações de pessoas. É triste, mas é assim. Possivelmente, por
conta de que o delator principal é o [Alberto] Youssef, que era amigo do Moro
desde o caso do Banestado (Banco do Estado do Paraná). É isso, lamentavelmente
é isso”, disse
Youssef
foi um dos primeiros delatores da Lava Jato, em 2014, e teve seu acordo
homologado por Moro. O juiz também homologou, uma década antes, o acordo de
delação de Youssef por sua colaboração com as investigações do escândalo do
Banestado. Este primeiro acordo chegou a ser invalidado pelo próprio Moro
depois da prisão de Youssef na Lava Jato, pois o magistrado entendeu que o
doleiro tinha quebrado o pacto ao voltar a cometer crimes.
Assim
que Lula associou Moro a Youssef, a juíza Gabriela Hardt — que substitui o juiz
desde que ele aceitou o convite para ser ministro da Justiça no governo eleito
de Jair Bolsonaro (PSL) — repreendeu o ex-presidente por meio de seu advogado.
“Doutor,
por favor. Ele não vai fazer acusações sobre meu colega aqui”, disse ela.
Lula
respondeu que não estava fazendo acusações, mas “constatando um fato”.
“Não
é um fato, porque o Moro não é amigo do Youssef e nunca foi”, rebateu a juíza.
“Mas
manteve ele [Youssef] sob vigilância 8 anos”, prosseguiu Lula.
“Ele
não ficou sob vigilância 8 anos, e é melhor o senhor parar com isso”, afirmou
Hardt, encerrando a discussão.
A
força-tarefa do MPF na Operação Lava Jato acusa Lula de ter cometido os crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores, o
ex-presidente teria favorecido as construtoras Odebrecht e OAS em contratos
dentro do esquema de corrupção na Petrobras.
O
MPF também afirma que Lula recebeu cerca de R$ 1 milhão em propina da
Odebrecht, da OAS e do pecuarista José Carlos Bumlai na forma de obras no sítio
de Atibaia, e que a vantagem indevida seria oriunda do esquema de corrupção na
Petrobras.
A
defesa do ex-presidente nega todas as acusações e diz que ele é alvo de
perseguição política. O ex-presidente foi o último dos 13 réus do processo a
ser interrogado.
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