quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Moro quer infiltrar policiais em quadrilhas para investigar traficantes

Foto: STRINGER / REUTERS

O juiz Sérgio Moro, que será ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PSL), planeja usar a Operação Lava-Jato como modelo para a criação de uma força-tarefa contra o crime organizado que poderá contar, inclusive, com agentes infiltrados. Em entrevista coletiva concedida ontem, ele citou o exemplo
do trabalho feito em Nova York nos anos 80, quando o FBI combateu famílias de traficantes em conjunto com as Promotorias locais e federais.

Depois de fazer um pronunciamento de cerca de 20 minutos, no qual explicou seus motivos para aceitar o convite do presidente eleito e disse o que pretende fazer no ministério, Moro respondeu as perguntas dos jornalistas durante pouco mais de uma hora. Ele rebateu as acusações da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que teria sido parcial ao condená-lo na Lava-Jato; prometeu empenho para elucidar os assassinatos da vereadora do Rio Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, vítimas de uma emboscada na noite de 14 de março; e falou sobre a proposta de Bolsonaro de defender o excludente de ilicitude para casos de policiais e militares das Forças Armadas que matarem alguém em confronto, entre outros assuntos.

Moro também explicou que ainda não pediu exoneração da magistratura — ele entrou de férias na última segunda-feira — porque depende do salário da Justiça Federal e não assumiu qualquer cargo no momento, o que acontecerá apenas em janeiro. Mas ontem a equipe de transição do governo Bolsonaro anunciou que ele fará parte do grupo e terá o nome publicado no Diário Oficial nos próximos dias. Se assumir um posto remunerado, terá que se exonerar do cargo de juiz.

FORÇAS-TAREFAS

“Pretendo utilizar forças-tarefas não só contra esquema de corrupção, mas contra o crime organizado. Nova York, na década de 1980, combateu cinco famílias poderosas por meio da criação de forças-tarefas. O FBI, em conjunto com as Promotorias locais ou federais, logrou desmantelar organizações. Embora elas não tenham deixado de existir, têm força muito menor que no passado”.

AGENTES DISFARÇADOS

“Uma regulação mais clara do que nós chamamos de operações policiais disfarçadas. Isso se faz muito nos Estados Unidos, com grande eficácia contra organizações criminosas, a utilização de policiais disfarçados para descobrir esses crimes. Então, por exemplo, policiais disfarçados comprando grandes carregamentos de drogas e armas. A nossa legislação, embora na minha opinião permita esse tipo de comportamento, ela não é totalmente clara e é importante deixar isso de uma maneira mais clara”.

CONFRONTOS

“Em nenhum momento defendo o confronto policial como estratégia de enfrentamento contra o crime organizado.

A estratégia passa por foco, recursos, equipe de investigação, prisão e isolamento dos líderes e confisco do patrimônio do crime organizado. Embora a estratégia não seja a do confronto, temos que reconhecer que ele é uma possibilidade”.

EXCLUDENTE DE ILICITUDE

Sobre a proposta chamada de excludente de ilicitude do presidente eleito para garantir que policiais não respondam na Justiça por mortes em serviço, Moro disse que “é preciso discutir a normativa para essas situações”. Segundo ele, essa preocupação não é exclusiva do presidente eleito, mas também de membros das Forças Armadas: “Esses casos precisam de um protocolo. Precisamos analisar se já não estão cobertos pela legislação. E o que fazer para se criar uma norma. Em nenhum momento foi defendido o confronto”, afirmou, acrescentando que há possibilidade de repensar o “tratamento jurídico”.



Extra – O Globo

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