
Em
delação premiada fechada com a Polícia Federal, o ex-ministro Antonio Palocci
afirmou que havia uma “ruptura” entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Rousseff, criada a partir da indicação de Graça Foster para a
presidência da Petrobras. Segundo o ex-ministro, em função dessas divergências,
Dilma teria “dado corda” para o aprofundamento das investigações
da Lava Jato
para implicar e “sufocar” o ex-presidente.
Por
seu relato, a nomeação de Graça representava “meios de Dilma para inviabilizar
o financiamento eleitoral dos projetos de Lula retornar à Presidência”. À
época, Dilma presidia o conselho de administração da Petrobras.
“Esse
momento de ruptura se caracterizava por um ex-presidente dominante que queria
controlar o governo de sua indicada e preparar sua volta à Presidência, sendo
que isso exigia um controle do financiamento lícito e ilícito do seu instituto
e do PT, ao passo que a presidente lutava pela renovação de seu próprio
mandato”, disse Palocci no depoimento.
Palocci
depôs no dia 9 de agosto do ano passado. O relato do ex-ministro foi anexado
anteontem ao inquérito da PF que investiga supostas fraudes na licitação e
construção da usina de Belo Monte, no Pará.
Dinheiro
Em
sua delação, o ex-ministro afirmou ainda ter entregado propinas em espécie a
Lula. Palocci relatou pelo menos dois episódios aos investigadores, um no
Terminal da Aeronáutica, em Brasília, e outro no Aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, em que teria entregue dinheiro vivo da empreiteira Odebrecht em uma
caixa de celular e em uma caixa de uísque. Lula sempre negou o recebimento de
valores ilícitos.
Este
depoimento foi dado em 13 de abril do ano passado, uma semana depois que o ex-presidente
foi preso para cumprir pena de 12 anos e 1 mês de reclusão no processo do
triplex do Guarujá.
Segundo
Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-ministro relatou uma
conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o
repasse de R$ 15 milhões para o ex-presidente depois que a empreiteira entrou
no negócio de Belo Monte.
O
delator, que foi alvo da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato em 2016,
livrou-se da prisão depois que fechou acordo de delação com a PF.
Palocci
afirmou ter repassado “em oportunidades diversas” valores em espécie que
variaram de R$ 30 mil a R$ 80 mil para Lula. Segundo Palocci, “os valores eram
demandados pelo próprio Lula com a orientação para que não comentasse sobre os
pedidos com Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) e nem com ninguém”.
Questionado
pela Polícia Federal se tinha testemunhas de suas afirmações, Palocci apontou
dois motoristas que trabalhavam para ele, na ocasião.
Palocci
detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma em Brasília, no valor de R$ 50
mil, “escondidos dentro de uma caixa de celular”. A outra entrega teria
ocorrido em Congonhas. Ele contou que, a caminho do aeroporto, “recebeu
constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega”.
O
ex-ministro falou ainda de reunião com outra empreiteira, Andrade Gutierrez, na
qual teria sido acertado pagamento de 1% em propinas sobre o valor recebido
pelo grupo nas obras de Belo Monte. Em troca, Palocci atuaria contra um
consórcio que estava tentando “atravessar” a licitação.
Procurada,
a Odebrecht informou que colabora com a Justiça nos termos do acordo que firmou
com a Lava Jato. Até a conclusão desta edição, a reportagem tentava contato com
a direção da Andrade Gutierrez. As informações são do jornal O Estado de S
Paulo.
Estadão
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