O
jornalista Glenn Greewald na Câmara dos Deputados Foto: Adriano Machado/Reuters
O
jornalista Glenn Greenwald classificou, nesta terça-feira, 25, em audiência na
Câmara dos Deputados, como conluio a suposta troca de mensagens entre o ex-juiz
Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, e o procurador Deltan Dallagnol em
processos da Operação Lava Jato, revelados
pelo site The Intercept Brasil.
A
presença do jornalista no Congresso transformou-se em palco para a oposição
atacar Moro e pedir a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Parlamentares da base do governo insinuaram que Glenn deveria ser preso por
“colaborar” com o suposto hacker.
“Quem
deveria ser julgado e sair daqui preso pelo crime teria que ser o jornalista
que cometeu um crime com o hacker”, afirmou a deputada federal Katia Sastre
(PL-SP).
“Se
eu tivesse o mínimo envolvimento nesse crime, eu poderia pegar o voo e ir
embora e continuar reportando lá fora. Não faço porque sei que vossa excelência
está acusando sem nenhuma prova e que neste País há liberdade de imprensa
garantida pela Constituição”, afirmou o jornalista.
A
base do governo chegou a tentar esvaziar a audiência, mas mudou de estratégia
após o jornalista, durante a sua fala inicial, provocar os governistas
afirmando que estava “decepcionado” por não ter “nenhum deputado do partido do
presidente” presente para debater.
A
audiência ocorre após o site divulgar supostas conversas mantidas em
aplicativos de mensagens pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e
Segurança Pública, com procuradores da Lava Jato entre 2015 e 2018. Em
entrevista ao Estado, na semana passada, o ministro disse não reconhecer a
autenticidade das mensagens.
Glenn
Greenwald defendeu o sigilo da fonte como um fator inalienável e criticou o
comportamento do ministro quando era o juiz dos casos relativos à Lava Jato em
Curitiba. O jornalista disse que “é impossível o combate à corrupção com
comportamento corrupto” e que, em outros países, o ministro iria sofrer
sanções.
“Nos
Estados Unidos, é impensável um juiz fazer o que foi feito. Se um juiz fizer
uma vez o que Sérgio Moro fez durante cinco anos, vai sofrer muita punição”,
afirmou o fundador do The Intercept. O jornalista se queixou ainda no início da
sessão da tentativa dos adversários de desqualificar o trabalho dele
chamando-o, de forma pejorativa, de estrangeiro.
ESTADÃO
CONTEÚDO
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