Em
56% das cidades que podem ser extintas devido à proposta do governo federal de
fusão de municípios, há mais pessoas empregadas no serviço público do que
trabalhando com carteira assinada em empresas privadas, mostra levantamento da
Folha com base em dados oficiais.
O
ministro Paulo Guedes (Economia) apresentou no começo do mês plano que prevê
que municípios com menos de 5.000 habitantes e arrecadação própria menor que
10% da receita total terão de ser fundidos a cidades vizinhas em 2025. A
proposta ainda depende de aprovação do Congresso e faz parte da PEC (Proposta
de Emenda à Constituição) do Pacto Federativo elaborada pela equipe econômica.
De
acordo com a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), 1.217 cidades seriam
afetadas pelos critérios estabelecidos pelo governo.
A
Folha analisou o perfil do emprego nesses locais, com base em dados da Rais
(Relação Anual de Informações Sociais) de 2018, da Secretaria de Trabalho do
Ministério da Economia, na qual consta o registro de todos os trabalhadores
formais, nos setores público e privado.
O
levantamento indicou uma grande dependência da força de trabalho pelo setor
público nesses municípios que podem perder sua autonomia. Em 682 deles, o
número de trabalhadores com carteira no setor privado é menor do que a
quantidade de concursados e celetistas contratados pelas prefeituras.
A
grande dependência de recursos do setor público é, para o governo Jair
Bolsonaro, uma das principais razões para que esses municípios deixem de
existir, já que eles não conseguem ter uma atividade privada dinâmica.
Nos
mais de mil municípios que podem ser incorporados a outros, há pouco mais de 4
milhões de habitantes: 253 mil (6,2%) são servidores municipais e podem perder
o emprego caso suas cidades sejam fundidas a outras. Na média, há um servidor
para cada 16 habitantes nesses locais.
A
parcela da população que trabalha no setor privado, com carteira assinada,
corresponde a 7,6% dos moradores (309 mil pessoas).
Outro
contingente que pode ser diretamente afetado em caso de fusão são os vereadores,
um grupo de quase 10 mil pessoas nessas cidades, assim como os prefeitos e
vice-prefeitos. Nas Câmaras de Vereadores, há 5.500 servidores, entre
concursados e celetistas.
Nessas
cidades, a remuneração média é de R$ 2.109 no setor público, com uma folha de
pagamento média de R$ 425 mil mensais. No setor privado, o celetista desses
municípios ganha, em média, R$ 1.575.
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