Tribunal
obriga Heineken a manter acordo de distribuição com a Coca-Cola
Uma
briga entre duas gigantes das bebidas no Brasil chegou ao fim. Uma decisão do
tribunal arbitral do Rio de Janeiro determinou que a Heineken mantenha a
Coca-Cola como distribuidora de suas cervejas até 2022,
conforme contrato que
vigora entre as duas companhias. Não cabe recurso da sentença.
Em
2017, depois de comprar a Brasil Kirin, a Heineken tentou abandonar o acordo
com a Coca-Cola, para usar a estrutura de distribuição que herdou do grupo
japonês (que, por sua vez, teve origem na brasileira Schincariol). A decisão
consta de fato relevante divulgado ontem pela Coca-Cola Femsa nesta quinta-feira,
31.
O
contrato entre Heineken e o Sistema Coca-Cola reúne 13 empresas. Amparadas por
uma liminar, as distribuidoras da marca de refrigerantes mantiveram a
distribuição das marcas da Heineken – o portfólio inclui ainda Kaiser, Amstel,
Bavaria, Xingu e Sol.
A
decisão garantiu o cumprimento do contrato até que as duas partes resolvessem a
questão, o que ocorreu agora. Como a Heineken cumpriu a liminar, não caberá
agora multa ou outra sanção à cervejaria.
Guerra
da distribuição
A
questão da distribuição trazia problemas a ambas as empresas. No caso da
Heineken, o sistema herdado da Kirin era pulverizado e, segundo fontes do setor
de bebidas, havia insatisfação por parte desses parceiros. Nos últimos anos,
por causa da liminar, eles continuaram a distribuir apenas o portfólio que veio
da Kirin, com rótulos como Schin e Devassa.
Para
a Coca-Cola, o incômodo era ainda maior: isso porque é comum que distribuidoras
de refrigerantes também ofereçam aos clientes uma opção de cerveja. Sem isso,
suas vendas poderiam ser prejudicadas.
Foi
por essa razão que um distribuidor da Coca-Cola em Minas Gerais, Luiz Octávio
Possas Gonçalves, criou a Kaiser, em 1982. A Heineken era sócia dessa
cervejaria desde os anos 1990, tendo comprado o controle do negócio em 2007.
Mesmo
com a proibição da “venda casada” de bebidas, a noção dos distribuidores é de
que as vendas da Coca-Cola poderão ser prejudicadas sem marcas de cerveja para
oferecer para os bares e restaurantes. A tendência, dizem fontes, é que a
Coca-Cola busque uma opção – por um novo parceiro ou por uma marca a ser criada
– até 2022.
Procurada,
a Heineken enviou o seguinte comunicado: “O Grupo Heineken no Brasil informa
que recebeu a decisão final do processo de arbitragem entre a Cervejarias
Kaiser, empresa pertencente ao Grupo, e o Sistema Coca-Cola Brasil, e que sua
equipe jurídica está analisando o conteúdo. Em breve, a empresa se pronunciará
sobre o assunto.”
ESTADÃO
/ JUSTIÇA POTIGUAR
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