sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O CURSO DE DATILOGRAFIA DE DONA DERINHA


Durante as décadas de 1960, 1970 e início de 1980, escrever à máquina era muito importante. Alguns pais se orgulhavam de ter um filho com o curso de datilografia. Significava emprego quase certo, além de ser um profissional respeitado.
Visando o futuro e, além de colaborar com os jovens da nossa terra, a professora Desidéria Medeiros, mais conhecida como dona Derinha, teve uma imaginação de inaugurar a única Escola de Datilografia de Pedro Avelino, isso no final de 1970 e início da década de 1980. Não frequentei esse curso. Essas lembranças me recaem através de ex-alunos que estudaram nessa escola.
Dona Derinha era uma pessoa muito educada e de bons princípios na sociedade. A escola funcionava em frente à Praça Paroquial, na sala de sua residência, depois foi transferida para uma área no final da casa. O curso contava com algumas máquinas, que alguns dos seus ex-alunos não se lembram se eram Reminghton ou Olivetti.
Dona Derinha era rígida, ao ponto de , no primeiro dia de aula, os alunos ficarem observando algo estranho, principalmente as teclas. A primeira aula os alunos tinham que aprender a postura e, depois, as teclas para escrever as primeiras lições como ASDFG e ÇLKJH. Aos poucos, os alunos desenvolviam mais velocidade e tinham menos erros nos textos. Os mais adiantados já escreviam mais rápido e com mais desenvoltura. Outro detalhe é que a professora Derinha colocava sobre as teclas uma tarja para forçar os alunos a escreverem olhando apenas para o texto que estava ao lado da máquina. O objetivo era identificar as letras e se adequar à prática.
Depois de terminado o curso, alguns pais colocavam na parede da sala da casa um quadro com o diploma do curso de datilografia do filho, acompanhado de uma foto. O pai orgulhoso dizia: 'Meu filho, quando você for embora estudar em Natal, leve o curso de 'tilogra' para arranjar um emprego'.
Grande profissão. Na nossa terra tivemos vários datilógrafos que dominavam bem essa máquina que gerou muitos empregos pelo Brasil afora.
Hoje em dia essa profissão está extinta, mas com um grande valor sentimental. E as máquinas nos museus.
Dona Derinha foi uma grande colaboradora para com a juventude pedroavelinense. Os jovens de ontem, que são os adultos de hoje agradecem.
                                           Marcos Calaça, jornalista (UFRN).

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