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Por Fr. Marcos Sassatelli – Frade Dominicano. Doutor em Filosofia e em Teologia Moral.
Vejam que absurdo! “As Câmaras
Municipais, apesar de próximas fisicamente dos moradores, são o Poder
menos transparente, o mais vulnerável à corrupção, o que menos presta
contas aos eleitores e um dos mais caros aos cofres públicos. O custo
dos legislativos nos 5.565 municípios brasileiros ficou em quase R$ 10
bilhões (R$ 9,5 bilhões) em 2011, considerando apenas as despesas
declaradas”. E ainda: “Este custo anual poderá ultrapassar os R$ 15
bilhões em 2013” (O Popular, 09/09/12, p. 18).
Como amostra desse descalabro com o
dinheiro público, cito a Câmara Municipal de Goiânia. “Ao custo de R$
206,35 milhões desde o início de 2009 até agosto deste ano, a Câmara de
Goiânia gastou aproximadamente R$ 5,89 milhões com cada um dos 35
vereadores que foram escolhidos pelos 845.321 eleitores que a capital
possuía em 2008”.
Reparem! “Mesmo com custos tão elevados
aos cofres públicos, a Casa registrou um total de 604 faltas (não
justificadas) dos parlamentares nos últimos três anos e meio” (Ib. Leia a
íntegra da reportagem, com o número de ausências não justificadas de
cada vereador). Que vergonha!
É bom que se diga que os vereadores de
Goiânia têm o compromisso obrigatório e, portanto, a responsabilidade de
manter a presença em plenário e votar as matérias, das 9h ao meio dia,
três vezes por semana. Será que isso é trabalho demais pelo salário que
recebem? A situação é lamentável.
Tenho duas sugestões a dar: a primeira, a curto prazo; a segunda, a médio prazo.
A primeira sugestão: Que antes de
terminar a legislatura atual, a presidência da Câmara Municipal de
Goiânia e as de todas as Câmaras Municipais do Brasil abram um processo e
obriguem judicialmente os vereadores a devolver aos cofres públicos o
dinheiro (roubado) das ausências não justificadas. Trata-se de um dever
ético. É o mínimo que pode ser feito.
A segunda sugestão: Que o Congresso tome
as providências legais e constitucionais necessárias para extinguir a
remuneração dos vereadores em todos os municípios e não só nos com
população inferior a 50 mil habitantes (limitando-a nos municípios de
até 100 mil, 300 mil e 500 mil), como reza a ementa constitucional (PEC)
35/2012, de autoria do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) (Cf. Fernando da
Fonseca Gajardoni. Pelo fim da remuneração dos vereadores. Folha de S.
Paulo, 08/10/12, p. A3).
Os vereadores precisam viver de seu trabalho profissional e não do mandato político, que deve ser uma atividade voluntária.
Faço minhas as reflexões que seguem: “Em
vez de legisladores pagos com dinheiro público, grande parte dos países
tem conselhos de cidadãos, formados por representantes das comunidades,
que não recebem salário pela atividade. O cargo de vereador é,
praticamente, uma exclusividade da legislação brasileira.Na grande
maioria dos países, a figura do legislador municipal inexiste. Em seu
lugar, há os chamados ‘conselhos de cidadãos’, formados por
representantes das comunidades e bairros, que geralmente trabalham sem
remuneração ou ônus para os cofres públicos”.
Os conselheiros “são escolhidos pela
própria população e costumam reunir-se periodicamente para discutir
temas relativos à cidade, numa pauta equivalente à que é cumprida pelos
vereadores no Brasil. No entanto, nenhum deles sobrevive da política e
sim das suas atividades profissionais. As reuniões acontecem em
auditórios públicos, sem a estrutura física de uma Câmara Municipal, nem
funcionários ou servidores comissionados à disposição”.
Segundo o advogado José Paulo
Cavalcanti, o formato do Legislativo brasileiro é único e são poucos os
países com estrutura federativa equivalente à do Brasil. Como, na
maioria dos países, não há remuneração, “o número de conselheiros é
maior e as comunidades ficam melhor representadas”.
Em alguns países – como Portugal – ainda
se costuma pagar um jetom por sessão aos conselheiros, para repor o dia
de trabalho que deixam de cumprir nas suas profissões. Mas não há
nenhuma outra vantagem.
Questiona ainda José Paulo: “Tirar
dinheiro da saúde, da educação, para pagar vereadores, não existe. São
5% do orçamento do município, que destina 10% à saúde. Não seria melhor
que a saúde tivesse 15% e não existissem vereadores?”. “No Brasil, os
vereadores são assistentes sociais de luxo. Não há nada que eles façam
que um conselheiro não possa fazer melhor”. (Vereador remunerado é
minoria no mundo:
Quem sabe os novos vereadores assumam
essa bandeira de luta e um dia tudo o que foi dito se torne realidade no
Brasil! É o que muitos desejam e esperam.
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