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Mudar de convicção é para fracos. Em algumas situações, para os adesistas e suas conveniências. A seleção brasileira da CBF de Marin e de Felipão pode vencer 300 vezes o Uruguai do jeito que jogou e não me convencerá de que pratica futebol. É beneficiária da sorte e do pragmatismo. Neymar, fixo pela esquerda nunca existirá, marcado com mínima competência.
É um time que quer vencer a qualquer custo como o candidato que ganha a eleição no curral mais distante, sem se importar com os métodos. O Brasil jogou um futebol sofrível, sem inspiração e venceu graças a um goleiro e a um volante.
Somente aí duas razões para me confirmar. Um goleiro que pegou um pênalti e um volante que decidiu a partida em dois lances que não deveriam ter sido praticados, em tese, por ele. E como Paulinho desprezou táticas, teses e teorias, desagradando certamente ao seu técnico, o Brasil ganhou, está na final da Copa das Confederações.
Agora os Felipe Boys vão esperar o ganhador de Espanha e Itália, a repetição da final da Eurocopa do ano passado que a Fúria transformou em pelada goleando por 4×0. Espanhol gosta de um 4×0. A Espanha é multifavorita. A Itália, perita em emboscadas.
Paulinho foi o nome do Mineirão e evitou o título que estaria desde em portais e blogues e em jornais de todo o país. A manchete infame e inevitável: Uruguai vence e festeja o Mineirazo, uma cópia pra lá de preguiçosa do Maracanazzo da derrota de 1950 na final da Copa do Mundo.
Brasileiro gosta de remoer aquela derrota que foi matando aos pouquinhos o goleiro Barbosa, humilhado e torturado a cada lembrança sádica do gol de Ghighia.
Barbosa, um negro, foi o maior goleiro da história do país ao lado do loiro Taffarel e do magro Gilmar dos Santos Neves. A Barbosa, faltaram um título mundial e o respeito do povo e da mídia cínica.
Paulinho perdeu para Júlio César o título de melhor da partida em Belo Horizonte. Injustiça. Pensei até em fazer uma manifestação. Pegar um megafone, uma bandeira, sair sozinho pelo canteiro da avenida perto da minha casa protestando e gritando “Paulinho! Paulinho! Paulinho!”.
Quem sabe não conseguiria a proibição por decreto de Galvão Bueno e Neto da Bandeirantes invadindo as residências para cometer asneiras. Desisti por desânimo e ciência do ridículo. Eu, gritando o nome de Paulinho e sendo vaiado por motoristas e correndo o risco de levar uma surra de organizações de militantes violentos e paranoicos.
O meio-campo está para o futebol como o cérebro para o xadrez. É o pensamento conduzindo a força. A inteligência movendo a mecânica. A criação inventando novidades. Na música, o compositor olhando para o tempo vazio e dele retirando uma música do tipo o Mundo é o Moinho, de Cartola.
No futebol, esse tipo de artista existiu quando atendia por Didi, o meia-armador da Copa de 1958, melhor jogador nos campos da Suécia e não Garrincha ou Pelé, como muita gente pensa.
Por Gerson, o cara que jogava amarrando o cadarço do calção ou da chuteira enquanto a bola estava grudada em seu pé e ele rasgava o campo com um olhar calculista antes de um lançamento perfeito. Quando o nome era Rivelino, drible minúsculo alargando o espaço do gramado inteiro até que os pontas abrissem e recebessem um passe longo e perfeito.
Ou Ademir da Guia em suas passadas de lentidão traiçoeira até o bote de cascavel sem veneno, que não o do gol com a bola misturando-se às redes em cumplicidade. E tome Pita, Dicá, Zenon, Geovani, os arquitetos dos artilheiros em delírio.
O futebol brasileiro desafia a lógica de jogar apenas com defesa e ataque, fazendo ligação direta à base de chutões e rebatidas. Paulinho, a quem é delegada a tarefa(vai gostar de delegar e tarefar assim no Japão, Felipão), de marcar, marcar e marcar, fez o que não estava no laptot.
Primeiro, iniciou, como um Gerson, a jogada do primeiro gol. Revejam a precisão, a beleza e a mansidão do lance. A bola aproximando o time do ataque e das redes uruguaias. Depois, Paulinho, Brasil em desespero, subiu como um centroavante à antiga, cabeceou dentro da área, lugar do qual deveria estar(bem) distante, tirando a agonia da garganta da torcida.
O Brasil venceu por 2×1 pela ousadia de Paulinho. Que resolveu não ser o que lhe impuseram. Resolveu improvisar. Criar soluções nas dificuldades é proeza dos bons.
E, contra o Uruguai, Paulinho sobrou. Mostrou aos jovens e aos coroas contaminados que, sem inteligência ou meio-campo, o Brasil segue na contramão. Mesmo com Galvão. Mesmo que seja campeão. Campeão jogando mal é dançar colado com irmã.
Mudar de convicção é para fracos. Em algumas situações, para os adesistas e suas conveniências. A seleção brasileira da CBF de Marin e de Felipão pode vencer 300 vezes o Uruguai do jeito que jogou e não me convencerá de que pratica futebol. É beneficiária da sorte e do pragmatismo. Neymar, fixo pela esquerda nunca existirá, marcado com mínima competência.
É um time que quer vencer a qualquer custo como o candidato que ganha a eleição no curral mais distante, sem se importar com os métodos. O Brasil jogou um futebol sofrível, sem inspiração e venceu graças a um goleiro e a um volante.
Somente aí duas razões para me confirmar. Um goleiro que pegou um pênalti e um volante que decidiu a partida em dois lances que não deveriam ter sido praticados, em tese, por ele. E como Paulinho desprezou táticas, teses e teorias, desagradando certamente ao seu técnico, o Brasil ganhou, está na final da Copa das Confederações.
Agora os Felipe Boys vão esperar o ganhador de Espanha e Itália, a repetição da final da Eurocopa do ano passado que a Fúria transformou em pelada goleando por 4×0. Espanhol gosta de um 4×0. A Espanha é multifavorita. A Itália, perita em emboscadas.
Paulinho foi o nome do Mineirão e evitou o título que estaria desde em portais e blogues e em jornais de todo o país. A manchete infame e inevitável: Uruguai vence e festeja o Mineirazo, uma cópia pra lá de preguiçosa do Maracanazzo da derrota de 1950 na final da Copa do Mundo.
Brasileiro gosta de remoer aquela derrota que foi matando aos pouquinhos o goleiro Barbosa, humilhado e torturado a cada lembrança sádica do gol de Ghighia.
Barbosa, um negro, foi o maior goleiro da história do país ao lado do loiro Taffarel e do magro Gilmar dos Santos Neves. A Barbosa, faltaram um título mundial e o respeito do povo e da mídia cínica.
Paulinho perdeu para Júlio César o título de melhor da partida em Belo Horizonte. Injustiça. Pensei até em fazer uma manifestação. Pegar um megafone, uma bandeira, sair sozinho pelo canteiro da avenida perto da minha casa protestando e gritando “Paulinho! Paulinho! Paulinho!”.
Quem sabe não conseguiria a proibição por decreto de Galvão Bueno e Neto da Bandeirantes invadindo as residências para cometer asneiras. Desisti por desânimo e ciência do ridículo. Eu, gritando o nome de Paulinho e sendo vaiado por motoristas e correndo o risco de levar uma surra de organizações de militantes violentos e paranoicos.
O meio-campo está para o futebol como o cérebro para o xadrez. É o pensamento conduzindo a força. A inteligência movendo a mecânica. A criação inventando novidades. Na música, o compositor olhando para o tempo vazio e dele retirando uma música do tipo o Mundo é o Moinho, de Cartola.
No futebol, esse tipo de artista existiu quando atendia por Didi, o meia-armador da Copa de 1958, melhor jogador nos campos da Suécia e não Garrincha ou Pelé, como muita gente pensa.
Por Gerson, o cara que jogava amarrando o cadarço do calção ou da chuteira enquanto a bola estava grudada em seu pé e ele rasgava o campo com um olhar calculista antes de um lançamento perfeito. Quando o nome era Rivelino, drible minúsculo alargando o espaço do gramado inteiro até que os pontas abrissem e recebessem um passe longo e perfeito.
Ou Ademir da Guia em suas passadas de lentidão traiçoeira até o bote de cascavel sem veneno, que não o do gol com a bola misturando-se às redes em cumplicidade. E tome Pita, Dicá, Zenon, Geovani, os arquitetos dos artilheiros em delírio.
O futebol brasileiro desafia a lógica de jogar apenas com defesa e ataque, fazendo ligação direta à base de chutões e rebatidas. Paulinho, a quem é delegada a tarefa(vai gostar de delegar e tarefar assim no Japão, Felipão), de marcar, marcar e marcar, fez o que não estava no laptot.
Primeiro, iniciou, como um Gerson, a jogada do primeiro gol. Revejam a precisão, a beleza e a mansidão do lance. A bola aproximando o time do ataque e das redes uruguaias. Depois, Paulinho, Brasil em desespero, subiu como um centroavante à antiga, cabeceou dentro da área, lugar do qual deveria estar(bem) distante, tirando a agonia da garganta da torcida.
O Brasil venceu por 2×1 pela ousadia de Paulinho. Que resolveu não ser o que lhe impuseram. Resolveu improvisar. Criar soluções nas dificuldades é proeza dos bons.
E, contra o Uruguai, Paulinho sobrou. Mostrou aos jovens e aos coroas contaminados que, sem inteligência ou meio-campo, o Brasil segue na contramão. Mesmo com Galvão. Mesmo que seja campeão. Campeão jogando mal é dançar colado com irmã.
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