sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Armado com flores

Yuno Silva - repórterMagnus NascimentoExposição reúne mais de cem trabalhos do artista, em recortes de várias épocas e ainda os novos miniquadros. Também está na mostra o sapato salpicado de tinta, sua marca registrada
Magnus NascimentoExposição reúne mais de cem trabalhos do artista, em recortes de várias épocas e ainda os novos miniquadros. Também está na mostra o sapato salpicado de tinta, sua marca registrada
Pedro pintor, Pedro poeta, Pedro peralta! Amigo inquieto, músico por instinto e amante dos pincéis e do azul; autodidata influenciado por impressionistas, que cai em campo com o grande propósito de fazer a revolução ‘armado’ com flores e cores. Assim é Pedro Pereira, eterno aprendiz e provocador de olhos sensíveis que sai de seu ninho e dos braços da amada Alda Maria, “fonte inesgotável de inspiração”, para se revelar em “O Jardineiro das Cores”. Em cartaz a partir de hoje na galeria Newton Navarro da Fundação Capitania das Artes, a exposição reúne mais de uma centena de trabalhos e apresenta síntese de mais de duas décadas de militância do artista nas trincheiras visuais.
Magnus NascimentoPedro Pereira está ansioso pela volta à galeria onde tudo começou: Estava com sede de mostrarPedro Pereira está ansioso pela volta à galeria onde tudo começou: Estava com sede de mostrar

A abertura de “O Jardineiro das Cores” acontece hoje, às 19h30, com visitação pública até o próximo dia 25 de setembro – data que sugestivamente adentra a Primavera. “Amigos, amados, amantes da arte pictórica, minha arte é para provocar olhos sensíveis e domar seres selvagens. Venha e deixe que a arte fale com você”, convida Pedro Pereira.

Na mostra, o pintor refaz sua trajetória através de quadros produzidos entre 1990 até 2013, porém enfatiza como recorte temporal os últimos quatro anos, período que testemunhou a criação de mais de uma centena de telas em pequenas proporções. “São eles que dão destaque à exposição. Uso muita flor, balaio e jarros, muita paisagem, abstratos, não tem um signo, não há um rótulo, apenas uma vida envolvida com a arte”, filosofa. A síntese pictórica do poeta-pintor comprova o refinamento e a maturidade de sua arte. Todas as telas estão à venda.

Pedro Pereira enxerga o azul como a fonte de tudo: “É o início de tudo, a fonte maior de inspiração, meu elo de ligação com o mundo. Sem azul não existe céu, a vida é azul!”

Com 50 anos de idade nas costas e muita história para contar, o artista recebeu a reportagem do VIVER em sua sala-ateliê para uma conversa franca seguida de tapioca, bolo de milho e café. Animado como sempre, nem mesmo as sequelas decorrentes do Acidente Vascular Cerebral (AVC), que sofreu em 2002 e afetou os movimentos do lado esquerdo do corpo, tiram o brilho nos olhos do artista: Pedro está radiante com a terceira grande exposição realizada após o acidente acontecido em Passa e Fica, sua cidade natal, durante o velório da mãe.

“Estava com sede de mostrar a cidade esse resumo da minha vida expressada na cor; a cor é o que há de mais belo dentro de mim e essa exposição o resultado de 23 anos de trabalho. Cada obra tem um pouco de mim, do que aprendi na vida”, disse Pereira peralta. Seus traços pós-impressionistas e a intimidade com as cores “são meio caminho andado” pelo artista que nunca teve aula de pintura. “Sou amigos das cores, brinco com o que amo: cor e pincel”.

Começou pintando com tinta acrílica sobre papel, passou para a camiseta, de onde tirou sustento e encontrou seu estilo – a arte-camiseta foi seu laboratório de experimentação e grande escola. Parte dessa cruzada está marcada nos sapatos que ilustram o encarte, respingados pelas cores do jardineiro: “É um dos objetos mais importantes, pois me acompanhou em grande momentos da vida”.

Dom guardado

As artes plásticas surgiram na vida de Pedro aos 17 anos, a reboque da necessidade financeira. Estudou até o ensino médio, o resto a vida ensinou, diz que não nasceu artista, “Se tornou artista. Tinha o dom guardado e não sabia disso. Quando deslanchou não parei mais”. Ele diz com humildade ser um eterno aprendiz, tanto para escrever quanto para pintar. “Não há um resultado final: o que eu aprendo escrevo, pinto. A vida é uma ciência sem fim; escrevo o que não sei pintar e pinto o que não sei escrever. Minha vida é um horizonte infinito com cores amores e flores”.
Também poeta e músico, Pedro publicou “Lutar Pela Paz” em 1981, “Alto Astral” no ano seguinte e “Pingo de Força” (1983) e “Artemanhas” (1985), este em parceria com Vlamir Cruz. Nas décadas de 1980 e 90 integrou as bandas de rock Grupo Escolar e o Cabeças Errantes. “A música é a mais sublime das artes, não consigo fazer nada sem música: pinto, acordo e vou dormir com música. Ela me alimenta, é arte que mais me toca na vida, ouço tudo o que é bom, pois só existem dois tipos de música: a boa e a ruim”.

Inquieto e peralta que só ele, em 1999 decidiu que queria ver as artes plásticas floresceram em Natal, convidou amigos artistas e deu início às comemoração do Dia do Artista Plástico (8 de maio) ao lado de nomes como Marcelo Fernandes, Marcelus Bob, Vicente Vitoriano, João Natal e Flávio Freitas. Além de expor no RN, seus trabalhos também já foram mostrados em Recife, Fortaleza Brasília, Mossoró, Portugal e Espanha.

Serviço: Abertura da exposição “Pedro Pereira, o Jardineiro das Cores”. Sexta-feira, às 19h30, na Galeria Newton Navarro da Fundação Capitania das Artes. Em cartaz até dia 25 de setembro. Acesso gratuito.

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