domingo, 25 de janeiro de 2015

Segurança Pública no RN opera com 30% da capacidade

Ney Douglas/NJ
Kalina Leite, primeira mulher a ocupar a Secretaria de Segurança Pública no RN;
“Não seria bom um pouco de blush?”, indaga Kalina Leite, a primeira secretária
estadual de Segurança Pública da história do Rio Grande do Norte, momentos antes de posar para as fotos da reportagem. A vaidade é um dos traços mais fortes desta gestora, que em pouco mais de um ano foi de pedra a vidraça na estrutura.


Somente em 2014, ela passou pela Corregedoria da Polícia Civil, foi interventora da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente (Fundac), integrou a equipe de transição do Governo do Estado e, hoje, enfrenta o maior desafio da carreira profissional: gerir uma estrutura deficitária, em geral problemática, e que se vê às voltas com a taxa de um homicídio a cada cinco horas. 

Na função de interventora, como estilingue, até um tempo atrás ela cobrava providências e recursos do governo para melhorar os Ceducs, os centros de recuperação de crianças e adolescentes. Agora, na condição de vidraça, trabalha para reduzir a quantidade de “hóspedes” nos centros mantidos pela Secretaria de Justiça e Cidadania.

“Tenho apenas 20 dias de trabalho. Estou operando uma organização da equipe, com ajustes de pessoal, e investindo na melhoria das atividades de planejamento. Ainda estou me apropriando das informações para que a estrutura ande com mais rapidez”, pondera, antes de reforçar o batom.

Tem uma verdadeira paixão por jóias – douradas, principalmente. Uma delas, um pingente em forma de algemas, é a peça preferida. É uma lembrança ainda dos tempos em que atuava como delegada da Polícia Civil, atividade que iniciou em 1998. “Eu era funcionária da Previdência Social quando soube de um concurso. Acabei gostando das atribuições e estou hoje aqui”, conta.

Desde o dia 1º de janeiro, ela devota a maior parte do dia ao trabalho de gestão. Passa mais de dez horas no gabinete. É uma das primeiras servidoras a chegar ao trabalho, e toma o café da manhã ainda no gabinete. “Só tenho hora para entrar, mas nunca tenho horário para deixar o serviço. É uma jornada sem fim”, reclama. 

Aos 44 anos, casada, advogada, mãe de dois filhos adolescentes, ela ainda se divide entre os afazeres domésticos e o trabalho de gestora pública. No meio da entrevista, o telefone toca e passa aconselhar um dos filhos após este se desentender com a namorada. Ela trata com reservas de assuntos familiares.

Logo na primeira semana de trabalho, ela conduziu a criação do Policiamento Preventivo Ostensivo (PPO). Desde então, a Polícia Militar passou a contar com um reforço de 300 soldados nas ruas. O serviço é pago através de diárias operacionais. São 175 policiais destinados à Região Metropolitana de Natal e o restante para as principais cidades do Estado.

Apesar do trabalho emergencial, os números da violência não deram trégua. Até a quinta-feira passada, os  homicídios registrados bateram a casa dos 100. Ao todo, foram 108 registros. O que equivale a um assassinato a cada cinco horas. 

Os números locais são equivalentes aos de uma guerra. O conflito entre Estados Unidos e os rebeldes do Afeganistão, que se iniciou em 2001, já resultou na morte de 2.356 soldados norte-americanos, segundo dados oficiais. Isso equivale a uma morte a cada dois dias.

Em 2014, o Rio Grande do Norte registrou 1.773 homicídios. A redução das mortes violentas é a primeira grande batalha da secretária. “O crescimento vertiginoso da violência não é resolvido em apenas 15 dias de trabalho”, adverte. Considera ainda a investigação criminal uma importante ferramenta contra o crescimento deste tipo de crime. Ressalta ainda que a metade dos crimes tem características de acerto de contas e envolvimento com o tráfico de drogas. “As vítimas e assassinos são pessoas que já possuem ficha criminal. Reforçando a investigação podemos retirar estas pessoas das ruas”, analisa.

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