Quando recebi de do Sr. Fernando Soares, o
convite para participar do seu encarte virtual sobre cotidiano de Afonso
Bezerra como colaborador, respondi de imediato que essa era uma proposta
difícil de atender por vários motivos. A falta de habilidade com as letras e
com as palavras impedia-me de atendê-lo. Posteriormente, depois de colocar
minha cabeça no travesseiro e pensar e repensar exaustivamente, me convenci de
que todas
as minha deficiências do
comunicador que não sou, poderiam ser compensadas com o desejo de ser útil,
assim aceitei o convite. Mesmo com essas minhas limitações, sempre tive a consciência
de que em toda a sua historia, o rádio, a televisão, as revistas e os jornais
impressos, a chamada imprensa escrita e falada, vem sendo usado em todo o seu
potencial. O uso da mídia, combinado com os que levam a informação e os que são
informados, criou um permanente e necessário círculo de inegável utilidade. Com
o tempo esses veículos foram crescendo e se transformaram em gigantes, em
algumas vezes verdadeiros monstros capazes de seduzir (no pior sentido da
palavra), manipulando de forma perigosa pensamentos e ideias, subtraindo do indivíduo
o direito de pensar. Apercebendo-se
disso alguns personagens de menor valor moral, lançaram mãos desses
instrumentos que deveriam existir apenas para servir a sociedade,
transformando-os em uma verdadeira máquina de fazer fortuna, usando essas
maravilhas para atender unicamente aos seus interesses pessoais. A partir daí,
não se mediria mais o valor do tempo usado nesse meio em anos, meses, dias ou
horas. O minuto passou a ser a unidade de tempo mais aceita para medir a sua
importância em moeda, o espaço de tempo mais valioso do calendário humano. O
termo “tempo é ouro” deixou de ser apenas uma retorica popular e passou a ser
ouro de fato, tamanho o seu valor monetário dentro do ramo da informação. E como, onde existem riqueza e dinheiro há
ambições, delinquências, informar passou ser a prática de menos importância
passando a ser um grande negócio. E para agravar mais ainda o cenário
“catastrófico”, provocado por esse “ninxo
de mercado”, a voz da imprensa passou a ser a verdade absoluta.
Transformando-se, então, em um perigoso
instrumento manipulador de ideias, vontades, costumes e comportamentos. O ruim passou a ser bom, o
bom passou a não prestar. Matérias
passaram a ser censuradas ou publicadas de acordo com a vontade de quem pagasse
mais. Arvorar-se nesses expedientes quase promíscuos passou a ser uma prática
rotineira e um negócio extremamente lucrativo. Passaram a pagar muito, passaram
a pagar fortunas todos aqueles que querem
ver suas mentiras transformadas em verdades, e suas verdades em mentiras.
Do outro lado da extensão, se encontra a pobre vítima: o espectador, que sem se
dar conta alimenta, engorda e nutre, com sua ignorância, esse feroz monstro
destruidor sustentando-o com sua valiosa atenção. Dando aos que lhe vendem
mentiras e meias verdades, um valor em
ouro computado por preciosos minutos. Transformando o seu já escarço tempo em
algo completamente inútil e
irrecuperável. Deixando-o em estado de torpor entre um plim plim e
outro, entre o primeiro e o último capítulo da novela das oito.
SILVIO MENDEZ
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