quinta-feira, 26 de maio de 2016

OLIGARQUIAS FAMILIARES E O MONOPÓLIO POLÍTICO NO OESTE DO RIO GRANDE DO NORTE

fotogfr

O Rio Grande do Norte politicamente sempre foi estado conservador, com a representação política baseada em grupos que são oligarquias familiares, desde o império esses grupos disputavam o poder na província, que depois virou estado. A origem das oligarquias familiares remete ao processo de colonização da capitania do Rio Grande pela coroa portuguesa, na medida em que os
colonizadores venciam a resistência indígena a coroa portuguesa doava grandes faixas de terras para quem fizesse merece-las. Essas terras eram doadas pelo sistema chamado de “seismarial” em que o requerente solicitava a coroa portuguesa terras para produzir, daí surgiram os grandes proprietários de terras que passaram a exercer influência política em suas regiões. Assim a medida que o tempo ia passando esses grupos foram desenvolvendo formas de domínios através de acordos e ameaças, porque esses mesmos grupos representavam a força militar da província. Na república não foi diferente, as oligarquias familiares se adaptaram ao novo regime e como o sistema eleitoral havia mudado elas conseguiram manter o seu monopólio político em seus “currais eleitorais” através do “voto de cabresto”, já que o voto não era secreto. Antes o voto era censitário, ou seja, para votar e ser votado era necessário ter uma determinada renda e, com a mudança o requisito para ser eleitor era ser alfabetizado. Ao longo do tempo o sistema oligárquico familiar conseguiu se impor na política baseado no clientelismo e no patrimonialismo. Esse controle através das instituições públicas sempre deixou o cidadão comum a mercê desses grupos. As câmaras são as instituições públicas mais antigas do Brasil, portanto as eleições municipais sempre foram mais importantes. O historiador Luís Felipe de Alencastro disse certa vez que “as eleições municipais podem representar o fim e o começo de um modelo político nacional”. Assim sendo como esses atores estão mais próximos de seus rebanhos nenhum concorrente a um cargo estadual ou federal se atreveria a se indispor com eles. Muitas cidades do Oeste do Rio Grande do Norte surgiram em meado do século passado e essas oligarquias familiares encontraram um terreno fértil para construir seus monopólios de dominação política. Lucrécia, Almino Afonso, Rafael Godeiro, Olho D’água dos Borges e Frutuoso Gomes e tantas outras cidades da região são provas cabais de monopólio político desses sujeitos. As oligarquias familiares encontraram em um contexto de atraso econômico, pobreza e miséria a facilidade para a apropriação do poder público municipal. Apesar de se reinventarem ao longo do tempo conforme o momento político estadual e nacional as oligarquias sempre mantiveram o “modus operandi”. Acordos políticos em eleições para deputado que visam o seus interesses em detrimento do resto da população. Ameaças aos eleitores dos seus “currais eleitorais” para continuarem o monopólio político. Esse ciclo vicioso só começou a ser quebrado graças às políticas afirmativas e de inclusão social implementadas com a constituição de 1988, mais especificamente na última década. Programas de transferência de rendas como “Bolsa Família” aliados a outras políticas de inclusão social, investimentos em educação e saúde por parte do governo federal ajudaram um pouco na emancipação essas populações. Em contraponto a isso as oligarquias familiares continuam se mantendo no poder, fazendo acordos com chefes políticos do estado que sempre ajudaram manter seu Sistema de dominação através da pobreza, miséria e ignorância no estado. Vale lembrar que o monopólio político das oligarquias vai além da dominação política, compreendem também o prestígio social e dominação dos meios econômicos e engloba toda uma sociedade da área de sua influência política. Por Francisco Antônio de Paiva                                 http://www.jornalfolharegional.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão avaliados antes de serem liberados

Governadora anuncia edital de licitação para restauração de estradas no interior do RN

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra ( PT ), anunciou que o estado vai publicar, nesta terça-feira (26), o primeiro edital ...