A
cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) planeja assassinar o ex-secretário
da segurança Pública Antonio Ferreira Pinto para ameaçar o governo de São
Paulo, com o objetivo de impedir a transferência de líderes da facção criminosa
de penitenciárias estaduais para o sistema prisional federal.
O
plano para matar o ex-secretário foi descoberto há cerca de 20 dias quando
comunicações entre integrantes da organização foram detectadas pela Polícia
Militar.
Desde então, Ferreira Pinto está sob proteção policial. Procurador de
Justiça, ele havia dirigido a secretaria entre 2009 e 2012 – antes foi
secretário da Administração Penitenciária de 2006 a 2009.
A
Segurança Pública não revelou quantos homens estão fazendo a proteção do
secretário. Também não informou se outras autoridades estão sob a mira da
facção. A escolha de Ferreira Pinto como alvo é simbólica.
Foi
ele quem decidiu pela primeira vez enviar ao sistema prisional federal líderes
da facção envolvidos em assassinatos de agentes públicos em São Paulo.
Para
lá foram Roberto Soriano, o Tiriça, e Francisco Antônio Cesário da Silva, o
Piauí. Em 2016, foi a vez de o Estado mandar para o sistema federal outro líder
do grupo: Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, sob a acusação de ele ter
ordenado a rebelião no Centro de Detenção de São José dos Campos.
Na
semana passada, parte do segundo escalão do PCC teve a transferência a prisões
federais deferida pela Justiça com base em dados da Operação Echelon, em que o
Ministério Público Estadual investigou a atuação da chamada Sintonia dos
Estados e outros países, setor responsável pelo controle da facção fora de São
Paulo. O grupo era acusado de ordenar dezenas de homicídios de bandidos rivais
e atentados contra agentes penitenciários federais.
Outro
pedido de transferência da cúpula da facção está sendo preparado pelo
Ministério público Estadual, que quer mandar o líder máximo do PCC, Marco
Willians Herbas Camacho, o Marcola, para o sistema federal. Nas unidades
mantidas pela União, de segurança máxima, estão os chefes das demais facções do
País – a única exceção é Marcola. A decisão de mandá-lo ao sistema federal
enfrenta resistência dentro do governo do Estado. A atual gestão da Segurança
Pública acredita poder controlar melhor a facção se a cúpula do PCC continuar
no sistema prisional paulista.
Planos
O atentado contra Ferreira Pinto não é o
primeiro plano terrorista que estava sendo preparado pela facção e foi
descoberto pela polícia este ano. Antes do 1.º turno das eleições, a Polícia
Federal havia interceptado comunicações da cúpula do PCC. As gravações
mostravam que os bandidos planejavam ações contra autoridades, órgãos públicos
e integrantes do sistema penitenciário federal. O motivo era a suspensão de
visitas íntimas de membros das organizações criminosas detidos nas
penitenciárias federais.
Depois,
no início de outubro, nova ameaça foi descoberta: o plano de resgate de parte
da cúpula da facção, detida na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na
região oeste de São Paulo. É lá que está presa a cúpula do PCC. Temendo
endurecimento no tratamento após a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro,
os bandidos teriam contratado mercenários para atacar a prisão e retirar
Marcola de lá. O grupo usaria um avião para levar o bandido ao exterior,
provavelmente a Bolívia.
Para
impedir isso a Segurança Pública fechou a pista do aeroporto de Presidente
Venceslau e enviou à cidade homens das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar
(Rota) e do Comando de Operações Especiais (COE). Especialistas em salvamento
em selvas e em luta antiguerrilha, homens do COE levaram metralhadoras MAG, de
calibre 7,62 mm, para proteger o perímetro da prisão, além de blindados da
tropa de choque. No começo do mês, a Rota detectou o sobrevoo de um drone na
área e o perseguiu. A prisão continua cercada pela tropa de choque.
ESTADÃO
CONTEÚDO
Que horror
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