(Anton Eine / EyeEm/Getty Images)
O
tomate é um fruto complexo. Seu sabor é, na verdade, uma combinação que
estimula a língua em de quatro formas sensoriais diferentes, que nós
identificamos como sabores: doce, azedo e salgado, além do sabor umami. Mas
parece que isso é pouco pros cientistas – uma equipe da Universidade Federal de
Viçosa (UFV) quer produzir
tomates que apimentados.
Escrevendo
no periódico Trends in Plant Science, os cientistas explicam como pretendem
estimular, no fruto, a produção de capsaicina. É este o nome do composto químico
que dá às pimentas o sabor picante. Ela é responsável por ativar as células
nervosas da língua que lidam com a dor induzida pelo calor – e cria a sensação
apimentada, de “queimadura”, que conhecemos.
Existem
pelo menos 23 diferentes tipos de capsaicinoides. O ardor das pimentas é
determinado pelos genes que regulam a fabricação desses compostos – as pimentas
mais “fracas” apresentam mutações que diminuem este processo.
O
que os cientistas descobriram é que não é difícil fazer o tomate produzir capsaicina.
A pimenta e o tomate são “primos”, separados pela evolução há 19 milhões de
anos (um evento três vezes mais recente que os dinossauros – ou seja, foi ontem
na escala evolutiva).
Segundo
os cientistas, portanto, o primo não apimentado tem todos os genes necessários
para produzir capsaicina, falta só a “maquinaria” celular para ativá-los. Mas
com a engenharia genética de hoje, isso de ativar genes é tarefa simples.
De
acordo com o artigo, uma das técnicas que pode ser efetiva é a CRISPR, que
permite que cientistas modifiquem o genoma com uma maior precisão. Segundo
Augustín Zsögön, co-autor do estudo, a equipe de cientistas já está trabalhando
nisso, e espera ter novidades até o final do ano.
Tudo
isso, naturalmente, levanta a questão: por que os cientistas estão tão
interessados em criar tomates apimentados?
Simples: eles serão
uma maneira fácil
de colher capsaicina.
“Capsaicinoides
são compostos muito valiosos: eles são usados na indústria de armas para spray de
pimenta, mas também
em anestésicos.
Há pesquisas mostrando que eles promovem a perda de peso”, disse Zsögön. Além
disso, já foram comprovadas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, e
até benéficas no combate ao câncer.
Tirar
esse capsaicina das pimentas, porém, exige bem mais esforço. Para crescerem
saudáveis, pimentas precisam se desenvolver ao ar livre, em campos abertos – o
que as deixa suscetíveis a condições naturais prejudiciais, como alta chuvas e
temperaturas. Além disso, seus níveis de capsaicina variam amplamente, com base
no ambientes em que são cultivadas.
Como
se já não bastasse, as pimentas também são vulneráveis a
doenças
transmitidas pelo solo, e a germinação
de suas sementes é
bastante lenta. Agora, compare isso com nosso pau pra toda obra, o tomate:
resistente a doenças, cresce normalmente em ambientes fechados, com alto
rendimento e é muito fácil de cultivar – dá em quase todo tipo de solo. Com
tomates picantes, os cientistas acreditam que poderemos ter um caminho
promissor para a produção de capsaicinoides a nível comercial.
Mas
nem tudo são flores: os cientistas não podem afirmar, com certeza, que os
ajustes nos genes do tomate não afetarão fatores como a produtividade e a
qualidade das colheitas. Mas mesmo com esses obstáculos em mente, os autores do
estudo estão otimistas com as boas possibilidades.
Adoro tomate mais nan posso comer frutas vermelhas por causa dos rins ainda mais picantes não gosto de pimenta mais pra quem gosta vai valer a pena
ResponderExcluir