quarta-feira, 13 de março de 2019

Morre Eurico Miranda, o cartola que gostava de divididas

Polêmico e provocador, eterno presidente do Vasco da Gama estava com 74 anos e não resistiu a um câncer no cérebro

Foto: Instagram/Reprodução
Sem medo de entrar em dividida, Eurico Miranda incorporava a imagem do cartola que fazia de tudo pelo seu time, até uma virada de mesa nas regras do jogo. O ex-presidente do Vasco, time que na verdade mandava mesmo sem estar no cargo, morreu nesta terça-feira (12), às 11h,
aos 74 anos, vítima de um câncer no cérebro.
Mesmo com a saúde precária, Eurico Miranda continuava participando ativamente da vida política, tanto no clube quanto em Brasília, onde exerceu por duas vezes o mandato de deputado federal, em 1994 e 2002. Como parlamentar, foi uma das vozes contra o fim da lei do passe, que deu mais direitos aos jogadores. Acabou sendo alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e de processo judicial por apropriação indébita e não pagamento do clube ao INSS.
Eurico teve participação direta na formação do Clube dos 13 e atuou ativamente para evitar que o Vasco fosse prejudicado, mesmo que fosse mal em campo. Apesar de ter conquistado seis estaduais, três brasileiros, uma Copa Mercosul e a Libertadores no ano do centenário do clube, em 1998, ele ficou marcado pelos rebaixamentos para a série B. De três quedas, estava como dirigente em 2008 e 2015.
Embora estivesse debilitado, Eurico nunca se afastou da política do Vasco, tanto que exercia o cargo de presidente do Conselho de Beneméritos do clube. Mas não vinha mais participando de eventos públicos, deixando de acompanhar os jogos do time em São Januário, algo que sempre foi recorrente e marcou a sua passagem pela equipe.
Nas últimas aparições, era visto quase sempre em cadeiras de rodas e apresentava dificuldades para falar. Em anos recentes, inclusive, havia vencido um câncer na bexiga e outro no pulmão. Mas agora não resistiu aos seus problemas de saúde.
Polêmico e alvo de diversas denúncias, Eurico é um dos mais conhecidos dirigentes da história do futebol brasileiro e do Vasco, tendo presidido o clube de 2003 a 2008 e de 2015 a 2017. Mas sua participação na gestão do time carioca foi muito além desse período, tendo cargos como presidente do Conselho Deliberativo e de vice-presidente de futebol.
Filho de portugueses, Eurico era advogado e começou a atuar no Vasco na década de 1960. As primeiras atitudes de maior repercussão foram nos anos 1980, quando o dirigente contribuiu para o clube conseguir o retorno do atacante Roberto Dinamite, que estava no Barcelona. Na mesma década, ele articulou duas negociações importantes para o Vasco: a venda de Romário para o PSV Eindhoven, da Holanda, e a compra de Bebeto, que pertencia ao Flamengo.
Atuando como homem-forte do futebol vascaíno, se tornou a mais conhecida figura do clube, até mesmo mais do que os presidentes da época. Costumava dar entrevistas polêmicas, quase sempre aparecia na frente das câmeras com um charuto e era bastante centralizador. “Aqui no Vasco mando eu. Ditatorialmente!”, afirmou certa vez.
Eurico se tornou figura central do futebol nacional e participou de diversas conquistas do Vasco nos anos 1990, como a edição de 1998 da Copa Libertadores, o Campeonato Brasileiro de 1997 e de 2000, então denominada Copa João Havelange, e a Copa Mercosul de 2000.

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