Sem a ampliação ideológica nos bastidores e com a perda de fôlego dos participantes, a oposição a Jair Bolsonaro desistiu de sair às ruas contra o presidente no feriado da Proclamação da República, na próxima segunda-feira (15), e começou a admitir o fim do ciclo de
grandes marchas.Líderes de movimentos sociais e de partidos, no entanto, rejeitam a avaliação de fracasso, defendem o legado das manifestações ocorridas desde maio e projetam a retomada das ações de maior impacto para 2022, apesar das incertezas e da crescente contaminação pela disputa eleitoral.
Por ora, o retorno das passeatas críticas a Bolsonaro será no próximo sábado (20), Dia da Consciência Negra. Atos de entidades da causa antirracista vão incorporar a bandeira contrária ao governo, sob o mote “fora, Bolsonaro racista”, em esforço para garantir o protagonismo do combate ao preconceito.
Articuladora de seis manifestações no Brasil e no exterior ao longo do ano, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro —fórum de organizações e partidos sobretudo à esquerda— evita tratar o 20 de novembro como sua sétima mobilização e diz estar se somando à iniciativa dos coletivos negros.
“Fazendo uma avaliação realista, as possibilidades de impeachment neste momento são muito remotas”, diz Raimundo Bonfim, da CMP (Central de Movimentos Populares), ligada ao PT e uma das principais agitadoras. Para ele, a blindagem a Bolsonaro no Congresso arrefeceu as ruas.
O número de manifestantes chegou ao teto, na visão de organizadores, que apontam a necessidade de expandir o perfil do público. O diagnóstico foi o de que as marchas atraíram gente da militância e da classe média urbana, sem conseguir seduzir faixas mais pobres e moradores de periferias.
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