sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O galpão ideal para a engorda dos pintinhos

Perguntas e respostas que vão ajudar o produtor na hora de manejo dos pintos em galpões de engorda. A orientação é da pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Valéria Maria Nascimento Abreu.


Como deve ser feita a transferência dos pintinhos (já em idade de frangos) para o galpão de engorda? E qual a densidade ideal de frangos de corte por metro quadrado?

Na avicultura moderna se trabalha com o esquema “Tudo dentro, tudo fora” (all in- all out) não necessitando transportar as aves de um aviário para outro.

Não existe densidade ideal. Na avicultura atual não se fala mais em densidade por metro quadrado e quilos de carne por metro quadradado.
Como deve ser esse galpão? Importante descrever a sua estrutura (tipo de bebedouros, tipo de comedouros, como deve ser feita a ventilação e o controle de cortinas...)

Antes de se instalar a criação de aves deve-se ter o conhecimento das condições climáticas da região para verificar se o local é apropriado a este tipo de criação. O estudo detalhado do clima da região e(ou) do local onde será implantada a exploração, determinando as temperaturas ocorridas, a umidade do ar, a direção e a intensidade do vento definem o tipo ideal de edificação. Assim, é possível projetar aviários com características construtivas capazes de minimizar os efeitos adversos do clima sobre as aves.
Como o maior problema no Brasil são as regiões de clima quente, deve-se lançar mão de vários mecanismos que podem ser utilizados para diminuir o impacto das altas temperaturas dentro da edificação. Estes mecanismos correspondem às primeiras decisões a serem determinadas pelo projetista antes de utilizar os mecanismos sofisticados de condicionamento térmico artificial. Se nessa etapa o conjunto de decisões não for suficiente para proporcionar às aves, condições ideais de conforto térmico deve-se então optar por mecanismos secundários. As características primárias a serem consideradas na concepção de aviários são: localização, orientação, dimensões, pé-direito, beirais, telhado, lanternim, fechamentos, quebra ventos, sombreiros, características dos materiais a serem utilizados no aviário e outras que permitam o condicionamento térmico natural.
Algumas recomendações básicas, para diminuir o impacto térmico dentro das instalações são apresentadas a seguir.


Localização

A escolha do local adequado para implantação do aviário visa otimizar os processos construtivos, de conforto térmico e sanitários.
O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras naturais ou artificiais. O aviário deve ser situado em relação à principal direção do vento se este provir do sul ou norte. Caso isto não ocorra, a localização do aviário para diminuir os efeitos da radiação solar no interior do aviário prevalece sobre a direção do vento dominante. Podem ser utilizadas barreiras naturais ou artificiais para obstruir ou desviar a movimentação do ar. A direção dos ventos dominantes e as brisas devem ser levadas em consideração para aproveitar as vantagens do efeito de resfriamento no trópico úmido, onde o movimento de ar é importante para o controle ambiental. Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejável para boa ventilação. No entanto, os ventos dominantes locais, devem ser levados em conta, principalmente no período de inverno, devendo-se prever barreiras naturais.
É recomendável dentro do possível, que sejam situados em locais de topografia plana ou levemente ondulada, contudo é interessante observar o comportamento da corrente de ar, por entre vales e planícies, nestes locais é comum o vento ganhar grandes velocidades e causar danos nas construções.
A distância entre aviários, deve ser suficiente para que uns não atuem como barreira à ventilação natural aos outros. Assim, recomenda-se afastamento de 10 vezes a altura da construção, entre os dois primeiros aviários a barlavento, sendo que do segundo aviário em diante o afastamento deverá ser de 20 à 25 vezes esta altura.



Orientação


O sol não é imprescindível à avicultura. Se possível, o melhor é evitá-lo dentro dos aviários. Assim, devem ser construídos com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nessa posição nas horas mais quentes do dia a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga calorífica recebida pelo aviário será a menor possível, no entanto a temperatura do topo da cobertura se eleva. Por isso é de grande importância a escolha do material para evitar que esta se torne um coletor solar. Durante a construção do aviário deve ser verificada a declinação solar, para que a orientação leste-oeste seja correta para as condições mais críticas de verão. Por mais que se oriente adequadamente o aviário em relação ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia na face norte, no período de inverno. Providenciar nesta face, dispositivos que evitem essa condição.

Largura do aviário

A grande influência da largura do aviário é no acondicionamento térmico interior, bem como em seu custo. A largura do aviário está relacionada com o clima da região onde o mesmo será construído. Normalmente recomenda-se largura menores que 10 m para clima quente e úmido e largura de 10 até 14 m para clima quente e seco


Pé direito



O pé direito do aviário é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre as aves. Estando as aves mais distantes da superfície inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Dessa forma, quanto maior o pé direito da instalação, menor é a carga térmica recebida pelas aves.

O pé direito do aviário pode ser estabelecido em função da largura adotada, de forma que os dois parâmetros em conjunto favoreçam a ventilação natural no interior do aviário, com acondicionamento térmico natural (Tabela 2). Quanto mais largo for o aviário, maior será a sua altura.


Tabela 2 – Determinação do pé direito em função da largura adotada para o aviário
Largura do Aviário (m)
Pé direto mínimo em climas quentes (m)
até 8
2,80
8 a 9
3,15
9 a 10
3,50
10 a 12
4,20
12 a 14
4,90
Fonte: TINÔCO (1995).


Comprimento


O comprimento do aviário deve ser estabelecido para se evitar problemas com terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos.


Piso

O piso é importante para proteger o interior do aviário contra a entrada de umidade e facilitar o manejo.
Esse deve ser de material lavável, impermeável, não liso com espessura de 6 a 8 cm de concreto no traço 1:4:8 (cimento, areia e brita) ou 1:10 (cimento e cascalho), revestido com 2 cm de espessura de argamassa 1:4 (cimento e areia). Pode ser construído em tijolo deitado que apresenta boas condições de isolamento térmico. O piso de chão batido, não isola bem a umidade e é de difícil limpeza e desinfecção, no entanto, tem-se propagado por diminuir o custo de instalação do aviário. Deverá ter inclinação transversal de 2% do centro para as extremidades do aviário e estar a pelo menos 20 cm acima do chão adjacente e sem ralos, pois permite a entrada de pequenos roedores e insetos indesejáveis.


Fechamentos


A parede protege a ave de vários fluxos de energia radiante mas também reduz a movimentação do ar. O efeito que prevalece dependerá das circunstâncias.
A mureta lateral deve ser dimensionada, de modo a não impedir a renovação do ar ao nível das aves. A altura de 20 cm tem se mostrado satisfatória por permitir a entrada de ar ao nível das aves e evitando a entrada de água da chuva e que a cama seja jogada para fora. Essas deverão ter a parte superior chanfrada, pois facilita a limpeza e não permite o empoleiramento de aves.
Entre a mureta e o telhado, deve ser colocado tela. A tela tem a finalidade de proteger a cortina e evitar a entrada de pássaros que além de trazerem enfermidades poderão comer ração das aves. Tem-se tido boa aceitação das telas de PVC (plástico) por não enferrujarem, não provocarem rasgos nas cortinas, terem maior durabilidade e possibilidade de reaproveitamento.
Os oitões ou paredes das extremidades do aviário devem ser fechados até o teto. Para climas quentes que não possuem correntes de ventos provinda do sul, recomenda-se que os oitões sejam de tela como nas laterais, providos de cortinas. Os oitões devem ser protegidos do sol nascente e poente pintando as paredes com cores claras, sombreando por meio de vegetação, beirais ou sombrites. Dependendo da região, os oitões podem ser de madeira, telhas onduladas, fibra de vidro, lâminas de isopor ou alvenaria. O oitão do lado leste pode ser de 15 cm de espessura, sendo do lado oeste de 25 cm, em material com menor condutividade térmica, como, por exemplo, o tijolo cerâmico ou mesmo a madeira.
Instalar cortinas nas laterais, pelo lado de fora, para evitar penetração de sol, chuva e controlar a ventilação no interior do aviário, que poderão ser de plástico especial trançado, lona ou PVC. Confeccionadas em fibras diversas, porosas, permitem a troca gasosa com o exterior, funcionando apenas como quebra-vento, sem capacidade de isolamento térmico. Nos primeiros dias de vida, recomenda-se o uso de sobrecortinas em regiões frias, para auxiliar a cortina propriamente dita, evitando a entrada de correntes de ar no aviário. A sobrecortina deve ser fixada na parte interna do aviário, de tal forma que sobreponha-se a tela, evitando a entrada de correntes de ar.
O aviário deverá ter portas nas extremidades para facilitar ao avicultor o fluxo interno e as práticas de manejo. Essas devem ter pedilúvio fixo, que ultrapasse a largura das portas em 40 cm de cada lado, largura de 1 m e profundidade de 5 a 10 cm.

Cobertura

O telhado recebe a radiação do sol emitindo-a, tanto para cima, como para o interior do aviário. Nas regiões tropicais a intensidade de radiação é alta em quase todo o ano, e é comum verificar desconforto das aves devido ao calor mesmo durante épocas mais frescas do ano devido a grande emissão de radiação dos telhados para o interior do aviário. O mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência térmica, como o sapé ou a telha cerâmica. Contudo, por comodidade e economia é comum o emprego de telhas de cimento amianto, que é material de baixo conforto para as aves mas são de fácil colocação e necessitam de menor madeiramento, desde que recebam material para melhorar a sua eficiência térmica como: isolantes, pinturas refletoras, aspersão no telhado. Em termos de conforto térmico a telha de barro ainda é a indicada.
Devem ser evitadas as telhas de alumínio ou zinco, devido ao barulho provocado durante o período chuvoso e também as telhas de cimento amianto com 4 mm de espessura, pois fornecem menor conforto para as aves.
O material ideal para a cobertura deve ter alta refletividade solar e alta emissividade térmica na superfície superior e baixa refletividade solar e baixaemissividade térmica na superfície inferior.
Na Tabela 3 é apresentada lista de telhados na seqüência de sua qualidade térmica, e os motivos pelos quais não devem ser utilizados.
Os valores de eficiência relativa, em termos de redução de calor radiante nos animais, para os materiais utilizados na cobertura, são apresentados na Tabela 4.

Tabela 3 – Lista de Telhados na seqüência de sua qualidade térmica e os motivos pelos quais não são utilizados
Tipo
Vantagens
Desvantagens
Sanduíche de isopor
Em duas lâminas de alumínio. É o mais perfeito telhado.
O mais caro
Sapé

Boa isolação e barato

Risco de incêndio e abrigo de insetos
Maderit
Material resistente
Custo elevado
Alumínio simples
Boa isolação térmica
Sujeita a danos por granizo e ventos
Telha de barro
Quando novas são lisas, com boa isolação térmica
Frestas dificultam a limpeza
Telhas de cimento amianto
Praticidade: podem ser pintadas para reduzir a temperatura interna do aviário
Esquentam muito nas horas de maior insolação
Telhas de chapa zincada
Não quebram, têm boa durabilidade e baixo custo
Pouco isolamento térmico
Fonte: MARQUES, 1994.

Tabela 4 - Eficiência relativa de alguns materiais utilizados na cobertura
Material
Eficiência Relativa
Sapé (15 cm)
1,20
Alumínio (branco topo, peto dentro)
1,10
Alumínio novo
1,00
Alumínio (10 anos de uso)
0,97
Aço galvanizado (topo branco, preto dentro)
1,07
Aço galvanizado (novo)
0,99
Aço galvanizado (1 ano de uso)
0,99
Madeira (sem pintura)
1,06
Madeira (preto embaixo)
1,04
Madeira (preto topo e embaixo)
0,97
Madeira compensada (6 cm sem pintura)
1,03
Fonte: CURTIS, 1983.

Pode-se melhorar a eficiência relativa de alguns materiais utilizados na cobertura com o emprego de pintura sobre o telhado (principalmente fibro-cimento). A cobertura deve ser pintada, de branca na face superior e de preta na face inferior. Antes da pintura deve ser feita lavagem do telhado para retirar o limo ou crostas que estiverem aderidos à telha e facilitar assim, a fixação da tinta.
A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura ao interior do aviário, pode ser feita com uso de forro. Este atua como segunda barreira física, a qual permite formação de camada de ar junto à cobertura, que contribui na redução da transferência de calor para o interior da construção. Há referências de que esta redução é de 62%, ao se passar de abrigo sem forro para abrigo com forro simples de Duratex de 6 mm não ventilado, e de 90% no caso de forro com ventilação.

Inclinação do telhado

A inclinação do telhado afeta o condicionamento térmico ambiental no interior do aviário, através da mudança do coeficiente de forma correspondente às trocas de calor por radiação entre o animal e o telhado e modificando a altura entre as aberturas de entrada e saída de ar (lanternim). Quanto maior a inclinação do telhado, maior será a ventilação natural devido ao termossifão. Inclinações entre 20 e 30o têm sido consideradas adequadas, para atender as condições estruturais e térmicas ambientais.

Beiral

 

O beiral tem a função de sombrear e proteger da água de chuva, as paredes e o ambiente próximo ao aviário. Para regiões quentes, os beirais devem ser projetados de forma a evitar a penetração dos raios solares ou de chuva. Para evitar a penetração dos raios solares, pode-se determinar o tamanho do beiral através das equações (TEIXEIRA, 1994):
Face norte = 23o 27’ + latitude do local
Face sul = 23o 27’ - latitude do local
Por exemplo, para região que possui latitude de 21o30’ Sul, o aviário deve ter na face norte, beiral que cubra as inclinações dos raios solares, de 44o 57’ e, na face sul, beiral que cubra os raios solares com inclinação de 157’ (Figura 3). No hemisfério sul, à medida que se desloca para maiores latitudes maior será o beiral na face norte. O material para o beiral da face norte pode ser o mesmo da cobertura porém tem-se utilizado sombrites que são mais econômicos, leves e permitem boa ventilação.
Pinto 1


Figura 3 – Esquema para determinação do comprimento do beiral para regiões quentes.
Para regiões chuvosas, recomenda-se que o tamanho do beiral seja determinado a partir da inclinação de 45o em relação ao piso do aviário, para as faces norte e sul (Figura 4).
Face
Norte
Face
Sul
45o
45o

Pinto 2


Figura 4 – Esquema para determinação do comprimento do beiral para regiões chuvosas.

Lanternim

O lanternim, abertura na parte superior do telhado, é indispensável para se conseguir adequada ventilação, pois, permite a renovação contínua do ar pelo processo de termossifão resultando em ambiente confortável. Deve ser em duas águas, disposto longitudinalmente na cobertura. Este deve permitir abertura mínima de 10% da largura do aviário, com sobreposição de telhados com afastamento de 5% da largura do aviário ou 40 cm no mínimo (Figura 5). Deve ser equipado, com sistema que permita fácil fechamento e com tela de arame nas aberturas para evitar a entrada de pássaros.
Pinto 3Figura 5 – Esquema para determinação das dimensões do lanternim.

Cobertura da vizinhança

A qualidade das vizinhanças afeta a radiosidade (quantidade de energia radiante levada pela superfície por unidade de tempo e por unidade de área - emitida, refletida, transmitida e combinada). É comum instalarmos gramados em toda a área delimitada aos aviários pois reduz a quantidade de luz refletida e o calor que penetra nos mesmos. Este gramado deverá ser de crescimento rápido que feche bem o solo não permitindo a propagação de plantas invasoras. Deverá ser constantemente aparado para evitar a proliferação de insetos.

Sombreiro

O emprego de árvores altas produz micro clima ameno nas instalações, devido a projeção de sombra sobre o telhado. Para as regiões onde o inverno é mais intenso as árvores devem ser caducifólias. Assim, durante o inverno as folhas caem permitindo o aquecimento da cobertura e no verão a copa das árvores torna-se compacta sombreando a cobertura e diminuindo a carga térmica radiante para o interior do aviário. Para regiões onde a amplitude térmica entre as estações do ano não é acentuada e a radiação solar constitui em elevado incremento de calor para o interior do galpão o ano todo, as árvores não precisam ser necessariamente caducifólias. Devem ser plantadas nas faces norte e oeste do aviário e mantidas desgalhadas na região do tronco, preservando a copa superior. Dessa forma a ventilação natural não fica prejudicada. Fazer verificação constante das calhas para evitar entupimento com folhas.




Da Redação do Nordeste Rural


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